Arquidiocese de São Paulo se diz perplexa com tentativa de CPI para investigar o Padre Júlio Lancellotti, em ano eleitoral

A Arquidiocese de São Paulo divulgou uma nota nesta quinta-feira (4) informando que está acompanhando com perplexidade a tentativa de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Padre Júlio Lancellotti. Esse movimento vem como resposta ao pedido protocolado na Câmara Municipal de São Paulo em dezembro, solicitando a investigação das organizações não governamentais que atuam na região conhecida como Cracolândia, onde há uma concentração de pessoas em situação de rua e com consumo abusivo de drogas.

Embora o coordenador da Pastoral do Povo de Rua não tenha sido explicitamente mencionado no requerimento de abertura da CPI, o vereador Rubinho Nunes fez várias declarações sugerindo que Lancellotti é o principal alvo. Além disso, o vereador pretende direcionar a investigação contra o movimento A Craco Resiste.

A Arquidiocese de São Paulo questiona a coincidência da movimentação de Nunes, que é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), em um ano de eleições municipais. A nota sugere que essa CPI poderia estar sendo promovida por motivos políticos, especialmente por conta das declarações feitas nas redes sociais.

Apesar de o vereador justificar a necessidade de investigação das organizações da sociedade civil alegando que algumas delas recebem financiamento público para suas atividades, a nota da Arquidiocese destaca que as ações do padre Julio Lancellotti não estão vinculadas às atividades que constituem o requerimento aprovado para a criação da CPI.

Além disso, em reação ao pedido de Nunes, a vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL) fez um requerimento pedindo a investigação do aumento da população em situação de rua na capital paulista e das políticas públicas de atendimento a essas pessoas. O requerimento da CPI das Políticas para População de Rua ainda não tem o número mínimo de assinaturas para ser protocolado.

Diversas personalidades, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se posicionaram em apoio ao padre Lancellotti e expressaram preocupação com a tentativa de abertura da CPI, sugerindo que a iniciativa revela uma distorção de prioridades e um ataque aos menos favorecidos.

Diante desse cenário, a repercussão do pedido de abertura da CPI tem gerado questionamentos sobre as intenções por trás dessa movimentação e levantado debates sobre as prioridades políticas em um ano eleitoral. A sociedade aguarda a evolução dessa situação para compreender as implicações e desdobramentos desse caso.

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