Desmatamento na América Latina: crimes, violência e corrupção por trás do cultivo de abacate para exportação.

A devastação de florestas no México ao longo dos planaltos vulcânicos tem causado danos ambientais significativos e impactado diretamente na vida e segurança dos habitantes do local. Estas cenas têm se tornado recorrentes nos dias de hoje, onde caminhões são vistos transportando homens armados em direção ao topo de montanhas. A floresta de pinheiros e carvalhos, um dia majestosa, agora está tomada pelo fogo e continuamente destruída para dar lugar a plantações de abacateiros.

A cidade de Patuán, localizada na região dos planaltos vulcânicos, testemunhou sua paisagem natural ser substituída em uma ação alimentada pelo apetite dos Estados Unidos por abacates, principal fatiador do mercado global do alimento. A facilidade com que carteis criminosos, proprietários de terras, funcionários corruptos e líderes comunitários plantam hectares e mais hectares de abacateiros questiona a eficácia da lei mexicana que proíbe “mudanças no uso da terra” sem a devida autorização governamental. Estes plantios de abacate, além de prejudicar a biodiversidade, também têm causado impacto no equilíbrio dos aquíferos, comprometendo a oferta de água vital para a região.

A atuação dessas organizações criminosas gerou um aumento no desmatamento da região e deu margem para violações dos direitos humanos. A produção de abacate, almejando o mercado e a exportação para os Estados Unidos, consolida-se como um negócio financeiramente lucrativo, porém não diz respeito aos custos ambientais e sociais que ele implica. Suditos cada vez mais “sedentos” para saborear o “fruto verde” de maneira desenfreada, que por sua vez exige uma grande quantidade de água para sua produção.

A situação alarmante, que poderia ser amenizada pelo cumprimento das leis mexicanas proibindo o desmatamento, tem sido em si só um problema de implantação e execução das mesmas. O receio dos moradores locais de se opor à ação dos cartel, que muitas vezes resulta em violência e morte, demonstra uma situação de vulnerabilidade e impotência diante do avanço da destruição das florestas.

Enquanto os Estados Unidos são os principais receptores do abacate mexicano, o país respondeu ao México com descaso diante dos apelos governamentais para impor e validar o cumprimento da legislação ambiental para a importação do fruto. O ciclo de corrupção e o desrespeito à lei têm gerado um ambiente de impunidade em que grandes fazendeiros desmatam terras, plantam abacate e sobrevivem às custas de violência e rechaço das leis.

A situação é delicada e exige que autoridades e a sociedade mexicanas se reúnam em prol da proteção ambiental e da restituição dos direitos da comunidade, resultando numa importante pauta ambiental e política que ultrapassa limites geográficos. A demanda pelo abacate vindouro do México, portanto, deverá ser um fator determinante na alteração da legislação e das práticas culturais capazes de garantir a segurança, estabilidade ecológica e sociedade coexistente para as futuras gerações.

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