Ministro dos Direitos Humanos rebate denúncias sobre custeio de viagem de “dama do tráfico amazonense” em reunião tumultuada na Câmara.

Em uma reunião tumultuada na Câmara dos Deputados realizada nesta terça-feira (5), o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, teve que rebater denúncias da oposição sobre o custeio da viagem a Brasília de Luciane Barbosa Farias, conhecida como “a dama tráfico amazonense”. O tema foi debatido em uma audiência conjunta das Comissões de Segurança Pública e de Fiscalização Financeira e Controle a partir de requerimentos de mais de dez parlamentares, entre eles a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).

Adriana Ventura fez duras acusações, afirmando que Luciane Barbosa Farias é esposa de um líder do Comando Vermelho, condenada em segunda instância por organização criminosa, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Ela questionou o desconforto causado pelas diárias e viagens pagas pelo ministério para a presença de Barbosa Farias em audiências, que culminou em requerimentos de informação, denúncia na Comissão de Ética Pública e projeto de lei para que a não publicização de agenda seja configurada como improbidade administrativa.

Em resposta, o ministro explicou que o ministério seguiu as regras de uma portaria do governo anterior, custeando diárias de cerca de 70 pessoas para o Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, entre 6 e 7 de novembro. Almeida ressaltou que os comitês funcionam com o apoio do ministério, mas têm autonomia. Ele também pediu ao setor de Controle Interno do governo o aprimoramento das regras de emissão de passagens e lembrou que o Ministério Público do Amazonas fez recomendações de maior rigor por parte das autoridades do estado.

Durante a audiência, houve momentos de bate-boca com outros deputados que pediram a audiência, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Kim Kataguiri (União-SP). Um dos deputados questionou o ministro sobre sua relação com o Comando Vermelho, sugerindo que teria antecedentes antes de assumir o ministério dos Direitos Humanos. Almeida repudiou as insinuações maliciosas e criminosas, refutando qualquer ligação com a organização criminosa.

Além disso, o ministro foi questionado sobre a morte de um detento do presídio da Papuda, em Brasília, desde os atos golpistas de 8 de janeiro. Sílvio Almeida mostrou as recomendações encaminhadas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura para as detenções do Distrito Federal e falou sobre problemas sistêmicos que levam à média de 60 mortes por dia nos presídios brasileiros, defendendo a necessidade de conciliação entre ações de segurança pública e direitos humanos.

O ministro ainda destacou as ações da pasta relativas a idosos, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência e população em situação de rua. Alguns deputados elogiaram a gestão de Sílvio Almeida no Ministério dos Direitos Humanos.

A audiência foi marcada por tensões e acusações, mostrando a complexidade e o embate político em torno da gestão do ministério e das políticas de combate à violência e promoção dos direitos humanos no Brasil.

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