Ministra do Zimbábue destaca importância da justiça racial para o desenvolvimento econômico e igualdade de gênero em evento da Unesco.

A ministra das Mulheres, Comunidades e Empreendedorismo do Zimbábue, Monica Mutsvangwa, está em São Paulo para participar do Fórum Global contra o Racismo da Unesco, que está ocorrendo até sexta-feira (1º) no Sesc 14 Bis, no bairro Bela Vista. Durante uma entrevista, ela ressaltou a importância da justiça racial para o desenvolvimento econômico e para a igualdade de gênero em seu país, após a luta armada e a guerra civil contra o apartheid da minoria branca, conquistando a independência somente em 1980. Ela destacou as políticas de fornecimento de crédito para mulheres, especialmente das áreas rurais, como um fator que contribuiu para a segurança alimentar e a paz.

As medidas para promover a igualdade de gênero não se limitam apenas à esfera econômica. O Zimbábue estabeleceu cotas para mulheres na política, reservando 60 assentos no parlamento nacional e uma cota de 30% para mulheres dentro de governanças locais. No entanto, a ministra também reconhece que práticas arcaicas, como o casamento infantil, ainda persistem e ressalta a importância de promover a mudança de mentalidade dos líderes tradicionais.

Durante a entrevista, ela destacou a importância de trazer os líderes tribais para o movimento de mudança, relembrando o período pré-independência, quando a maioria das meninas não tinha acesso à educação e eram apenas vistas como futuras esposas. No entanto, ela ressaltou que após a independência, o governo implementou leis para garantir que todas as crianças, independentemente do gênero, têm acesso à educação e aumentou a idade permitida para o casamento, que agora é de 18 anos.

A ministra enfatizou que mudar as mentalidades das pessoas envolve não apenas a implementação de leis, mas também a promoção de uma mudança cultural e o envolvimento de todos para trabalhar juntos nessa transformação. Ela lamenta a persistência de práticas como o casamento infantil, mas ressalta que o país está progredindo na busca pela igualdade de gênero e na eliminação dessas práticas prejudiciais.

Além disso, ela falou sobre a importância da segurança alimentar e do empoderamento das mulheres nas áreas rurais, ressaltando que o Zimbábue, que anteriormente importava alimentos, agora é autossuficiente, o que é crucial para a harmonia e a redução de conflitos no país. A presença da ministra em eventos internacionais como o fórum da Unesco demonstra o comprometimento do Zimbábue em promover a igualdade racial e de gênero e seu papel ativo na cena global.

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