A redução na projeção do PIB para 2023 foi justificada pelo governo com a expectativa de crescimento zero no terceiro trimestre deste ano, ante previsão anterior de expansão de 0,1%. Além disso, as projeções para os setor de serviços também foram revistas para baixo, o que impactou na estimativa de crescimento econômico para 2024, que caiu de 2,3% para 2,2%.
Apesar dessas revisões para baixo, a perspectiva ainda é de aceleração na atividade econômica no quarto trimestre, devido ao crescimento de alguns subsetores menos sensíveis ao ciclo econômico e à manutenção do consumo das famílias. As projeções de crescimento para este ano divergem entre os setores, com a projeção para o setor agropecuário mantida em 14%, para a indústria avançando de 1,5% para 1,9%, enquanto a projeção para os serviços caiu de 2,5% para 2,2%.
Seguindo a tendência de revisões para baixo, a projeção de inflação pelo IPCA também recuou, de 4,85% para 4,66%. No entanto, a estimativa para a inflação em 2024 avançou de 3,4% para 3,55%, devido a fatores como o reajuste do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelos estados do Sul e do Sudeste, e mudanças no cenário para o dólar e o preço das commodities.
A equipe econômica do governo aponta incertezas no cenário externo como fator que justifica a desaceleração econômica para 2024, como a eclosão de conflitos geopolíticos, a desaceleração do crescimento chinês e a perspectiva de manutenção dos juros americanos em alto patamar por mais tempo. No cenário interno, a desaceleração da agropecuária e a perspectiva menos favorável para a safra do próximo ano também impactam nessa previsão.
Os números do Boletim Macrofiscal serão utilizados no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, que será divulgado nesta quarta-feira (22). Esse relatório traz previsões para a execução do Orçamento com base no desempenho das receitas e na previsão de gastos do governo, com o PIB e a inflação entrando em alguns cálculos. A partir do cumprimento da meta de déficit primário e do limite de gastos do novo arcabouço fiscal, o governo pode contingenciar (bloquear) alguns gastos não obrigatórios.