Operação de repatriação brasileira da Faixa de Gaza é considerada como uma vitória diplomática em situação de conflito com Israel.

A vitória diplomática do Brasil na operação de repatriamento de 32 brasileiros que estavam na Faixa de Gaza é destacada por especialistas em Relações Exteriores. A ação foi considerada como um reflexo da capacidade de negociação e coordenação da diplomacia brasileira, no momento em que o grupo cruzou a fronteira com o Egito e se prepara para embarcar para o Brasil.

Para o professor de Política Internacional e Comparada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dawisson Belém Lopes, o Brasil conseguiu mostrar que apesar do seu engajamento crítico em relação ao conflito israelo-palestino, foi capaz de repatriar seus cidadãos em meio à crise. Ele ainda ressaltou a importância do país no contexto das nações e a posição de equidistância que busca manter no conflito histórico entre Israel e Palestina.

Apesar da demora na inclusão dos brasileiros nas listas de autorizados a deixar Gaza, experts em assuntos internacionais avaliam que o Itamaraty foi competente nas tratativas para repatriar os brasileiros. Considerando que a maior parte dos estrangeiros autorizados a deixar o enclave eram de países aliados de Israel, a inclusão do Brasil representou uma vitória para a diplomacia brasileira.

A situação diplomática ficou tensa após um episódio envolvendo o embaixador de Israel no Brasil, que exibiu imagens de um ataque do Hamas na Câmara dos Deputados, o que desgastou a relação entre os dois países. No entanto, apesar do desgaste, os especialistas acreditam que não há perspectiva de ruptura da relação diplomática com Israel, devido às relações históricas entre os dois países.

A demora para autorizar a saída de cidadãos de países mais alinhados a Israel, como os Estados Unidos, foi considerada excessiva pelo especialista em Relações Internacionais Bruno Fabrício da Silva, da Universidade Federal do ABC (UFABC). No entanto, ele destacou a participação direta do presidente brasileiro e do corpo diplomático nas negociações de repatriação, o que ressaltou o comprometimento do Brasil em proteger seus cidadãos em situações de conflito.

A professora de História Árabe da USP, Arlene Elizabeth Clemesh, também considera que o Brasil deve subir o tom na relação diplomática com Israel e sinalizar de maneira enfática seu desagrado com as ações do país na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Ela defende a revogação dos acordos militares e de segurança firmados com Israel, como forma de protesto.

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