PF e Ibama deflagram operação contra quadrilha que desviou 7 toneladas de mercúrio para extração ilegal de ouro na Amazônia.

A Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desencadearam uma operação na manhã desta quarta-feira, 8, visando combater uma quadrilha suspeita de desviar 7 toneladas de mercúrio para extração ilegal de ouro em garimpos na Amazônia. A ação resultou no cumprimento de 34 mandados de busca e apreensão em quatro Estados e a quadrilha já teve R$ 2,9 bilhões em bens bloqueados para garantir o pagamento pelos danos ambientais.

A Operação Hermes (Hg) II, autorizada pela Justiça Federal de Campinas (SP), procura apurar uma série de crimes contra o meio ambiente, tais como comércio e uso ilegal de mercúrio, organização e associação criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental e lavagem de dinheiro. A investigação teve início a partir de uma empresa sediada em Paulínia, interior de São Paulo, que alegadamente produzia falsos créditos de mercúrio no sistema do Ibama e enviava a substância usada na extração do ouro para garimpos amazônicos.

Uma das dificuldades encontradas pela PF e pelo Ibama foi a identificação das empresas e pessoas envolvidas no esquema, o que impossibilitou o contato da reportagem com suas defesas. Entretanto, as autoridades constataram que a empresa de Paulínia foi encerrada devido às irregularidades. Além disso, a companhia importava mercúrio sem autorização e não possuía os equipamentos necessários para processá-lo, indicando uma série de práticas ilegais.

Segundo a PF, a análise dos documentos e dispositivos eletrônicos evidenciou uma extensa rede de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema ilegal de comércio de mercúrio e ouro extraído de garimpos na Amazônia e retirou sete toneladas de crédito de mercúrio dos sistemas do Ibama. A nova fase da operação busca provas contra o esquema e os compradores finais do mercúrio, além de identificar o patrimônio obtido de forma ilícita.

A investigação ainda revelou que o esquema fazia uso de empresas de fachada, em nome de “testas de ferro” e “laranjas”, para ocultar os bens e até mesmo misturava capital lícito com ganhos ilícitos para dificultar a identificação. Foram utilizados, inclusive, a compra de imóveis para dar aparência legal ao dinheiro. O aeroporto de Viracopos, em Campinas, foi utilizado para o embarque do mercúrio destinado aos garimpos na Amazônia.

A ação conjunta resultou na colheita de provas e materiais que serão analisados e podem gerar multas, suspensão de atividades e embargos de áreas de mineração, além de ações penais. Em Alta Floresta (MT), por exemplo, foram apreendidas duas barras de ouro pesando mais de 500g que serão submetidas à análise pela PF de Campinas. A operação mobilizou 140 policiais federais e 30 servidores do Ibama.

Os garimpos utilizam o mercúrio metálico no processo de separação do ouro incrustado em rochas e outros minerais. O problema é que, sem os devidos cuidados, a substância é despejada no ambiente e se acumula nos sedimentos dos rios, onde se converte em metilmercúrio, uma forma química altamente tóxica, que é absorvida pelos peixes e organismos aquáticos. Portanto, o consumo do peixe ou o contato com o mercúrio pode trazer graves consequências para a saúde das pessoas, como perda de visão, dor de cabeça crônica, depressão e problemas motores.

A operação da PF teve alcance nos Estados do Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo, com mandados de busca e apreensão sendo cumpridos em diversas cidades. No Amazonas, em Mato Grosso, no Rio de Janeiro e em São Paulo, diversas empresas e pessoas físicas foram alvo da ação, demonstrando a dimensão nacional do esquema ilegal de comércio de mercúrio e extração de ouro. Esta operação é mais um importante passo no combate à criminalidade ambiental e na proteção da Amazônia, um dos mais importantes biomas do planeta.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo