Falta de recursos públicos comprometem tratamento do câncer de mama, afirmam debatedores em audiência na Câmara dos Deputados

No dia 31 de outubro de 2023, foi realizada uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a falta de recursos públicos destinados à prevenção e tratamento do câncer de mama no Brasil. Durante o debate, os participantes ressaltaram a importância de investimentos adequados para colocar em prática as leis que garantem direitos às mulheres nessa área.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que neste ano serão registrados 73,6 mil novos casos de câncer de mama no país. Em 2021, a doença foi responsável por 18.139 mortes, o que equivale a uma média de quase 50 óbitos por dia.

A reunião foi organizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e pela Secretaria da Mulher da Câmara, a pedido da deputada Delegada Ione, como parte das ações do Outubro Rosa, que é o mês de conscientização sobre o câncer de mama.

Durante o debate, foram mencionadas diferentes leis que beneficiam as mulheres, como a Lei 9.797/99, que garante o direito à cirurgia plástica reconstrutiva da mama no Sistema Único de Saúde (SUS), a Lei 10.223/01, que garante o pagamento de cirurgia plástica reparadora pelos planos privados de saúde, a Lei 12.802/13, que assegura às mulheres mastectomizadas o direito de ter as mamas reconstruídas na mesma cirurgia, e a Lei 13.770/18, que determina que os procedimentos para obtenção da simetria das mamas e reconstrução da aréola mamilar integram a cirurgia reconstrutiva.

Uma das principais questões levantadas durante a audiência foi a falta de recursos para a implementação dessas leis. Josilene Santos, representante do Ministério das Mulheres, destacou a importância de aumentar o orçamento para a área oncológica, afirmando que é impossível colocar uma política em prática sem recursos adequados.

A presidente da Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília (Recomeçar), Joana Jeker, defendeu a aprovação do Projeto de Lei 4434/21, que cria o Fundo Nacional de Enfrentamento ao Câncer (Funcâncer), com o objetivo de gerar recursos para financiar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer.

Outro problema discutido durante o debate foi a baixa cobertura da mamografia, que é o principal exame de prevenção e diagnóstico do câncer de mama. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), em 2021, a cobertura média foi de apenas 20% das mulheres na faixa etária recomendada (50 a 69 anos), bem abaixo dos 70% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em resumo, a audiência pública na Câmara dos Deputados evidenciou a falta de recursos públicos para a efetivação das leis que garantem direitos às mulheres no que diz respeito à prevenção e tratamento do câncer de mama. Aumentar o orçamento para a área oncológica, aprovar o Projeto de Lei 4434/21 e melhorar a cobertura da mamografia foram algumas das soluções discutidas pelos participantes do debate. A luta contra o câncer de mama continua sendo uma pauta importante e urgente no Brasil.

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