Região do ABC apresenta ligeira melhora no mercado de trabalho, apesar dos cortes na indústria automobilística

O mercado de trabalho na região do ABC paulista apresenta sinais de recuperação, apesar da crise na indústria automobilística e dos anúncios de cortes de postos de trabalho na General Motors de São Caetano. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, a região gerou, até setembro de 2023, um total de 15.191 postos de trabalho, representando um crescimento de 2,03% em relação ao estoque de vagas. Esse resultado é melhor do que o registrado nos últimos 12 meses, que ficou em 1,87%.

No acumulado do ano até setembro, Mauá foi a cidade da região que apresentou o melhor resultado, com uma variação de 4,39% no nível de emprego e um saldo de 2.885 postos de trabalho. Rio Grande da Serra também teve um crescimento acima da média, com 3,73% e saldo de 94 vagas. Em terceiro lugar aparece Ribeirão Pires, com crescimento de 3,5% e saldo de 657 vagas. Diadema registrou um crescimento próximo de 3%, com um saldo acumulado de 2.588 vagas.

Apesar de não ter apresentado um crescimento proporcional tão expressivo, São Bernardo foi a cidade que mais gerou empregos na região neste ano, com a criação de 4.813 vagas (variação de 1,84%). Santo André vem em seguida, com 3.240 vagas e alta de 1,6%. Juntas, essas duas cidades respondem por mais da metade das vagas criadas na região neste ano.

Analisando somente o mês de setembro, Mauá teve o maior crescimento percentual no nível de emprego, com uma alta de 0,56% e um saldo de 381 vagas. São Bernardo e Santo André também apresentaram crescimento, com alta de 0,54% e 0,37%, respectivamente, e saldos de 1.423 e 767 vagas.

Segundo o economista e professor da Universidade Metodista de São Paulo, campus São Bernardo, Sandro Renato Maskio, os resultados ainda não são muito positivos devido à demora na recuperação econômica e na geração de emprego. Ele destaca que os números são mais positivos para os mais jovens e de menor qualificação, enquanto a colocação de pessoas com mais de 30 anos e com formação é mais difícil. Maskio também ressalta que a estrutura produtiva do país ficou menos complexa, o que favorece o emprego para os mais jovens e que recebem salários menores.

Sobre as demissões anunciadas na General Motors, o economista cita que essa situação é comum na indústria automobilística e que as reduções de turnos são recorrentes. Ele destaca a capacidade ociosa de produção do Brasil, devido à queda nas vendas e ao crédito proibitivo para a compra de carros. A GM tem o desafio de melhorar sua competitividade frente às montadoras chinesas que investem em carros elétricos.

O gestor do curso de Economia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Volney Gouveia, observa que os números do Caged já indicam uma melhora e que a recuperação do emprego está em curso. Ele destaca a importância da estratégia do governo em estimular a industrialização e reduzir os juros para impulsionar o consumo. Apesar desses sinais positivos, Gouveia ressalta que ainda há muitas indústrias fechadas e trabalhadores desempregados, portanto, é preciso cautela e continuar monitorando a evolução do mercado de trabalho na região do ABC paulista.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo