Segundo informações do MPT-RJ, um homem que se apresentava como pastor responsável pelo local intermediava o serviço realizado pelos trabalhadores nas proximidades e retinha todo o pagamento recebido. O pastor e a igreja envolvida não tiveram seus nomes divulgados, dificultando assim qualquer tentativa da reportagem de entrar em contato com suas defesas.
Ao todo, sete pessoas foram resgatadas durante a ação de fiscalização. Essas pessoas relataram às equipes que o pastor mantinha a casa de reabilitação em nome da igreja e fornecia mão de obra para estabelecimentos da região. Os trabalhadores não possuíam registro formal e dividiam metade do valor do salário com o pastor. Além disso, eles também eram obrigados a ofertar 10% do seu salário como dízimo.
Uma das vítimas contou que recebia R$ 50 por dia mas que o dinheiro era retido pelo líder religioso. Apenas uma parte era liberada a cada 15 dias para que o trabalhador pudesse comprar itens básicos. O restante poderia ser enviado à família do trabalhador somente através do pastor ou então ficaria retido até o final do tratamento.
A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o caso. O Ministério do Trabalho e Emprego informou que todos os trabalhadores terão direito ao seguro-desemprego e terão os valores retidos pela igreja devolvidos.
O Ministério Público do Trabalho, por sua vez, firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a casa de reabilitação e quatro estabelecimentos comerciais. Esse termo determina o reconhecimento do vínculo empregatício e o pagamento de todas as verbas trabalhistas e rescisórias, incluindo o seguro-desemprego. Caso haja o descumprimento do acordo, será aplicada uma multa de R$ 10 mil.
Além disso, a casa de apoio terá que indenizar cada trabalhador em R$ 10 mil por danos morais, valor que será pago em 20 parcelas a partir de novembro. As sete pessoas resgatadas foram encaminhadas pela Secretaria Municipal de Saúde para os Centros de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS AD).