Especialistas classificam alto índice de golpes financeiros no país como uma “epidemia”, segundo Audiência Pública na Câmara dos Deputados.

A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública nesta quinta-feira (26) para discutir os altos índices de golpes financeiros no país. Especialistas classificaram essa situação como uma verdadeira “epidemia” e apontaram diversas falhas que têm possibilitado a prática desses golpes.

Durante a audiência, o coordenador da Comissão dos Direitos do Consumidor da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep), Antônio Carlos Cintra, destacou que um dos golpes mais impactantes é o empréstimo consignado feito sem o conhecimento do aposentado. Segundo ele, os fraudadores utilizam a chamada “engenharia social” para convencer o segurado de que é necessário fazer uma prova de vida. Além disso, o delegado Rogério Ferreira, da Delegacia de Defesa do Consumidor de Mato Grosso, ressaltou que o crime de estelionato tem uma baixa punição, o que acaba incentivando os golpistas.

Diante dessa realidade preocupante, os especialistas destacaram a necessidade de ações para combater esses golpes financeiros. O representante dos defensores públicos pediu a criação de uma lei nacional que proíba o empréstimo digital para pessoas idosas, exigindo a presença física para a contratação. Já a presidente da Associação Brasileira dos Procons, Márcia Moro, ressaltou a importância de medidas para combater os vazamentos de dados bancários e do INSS, que facilitam a ação dos criminosos.

Outra proposta apresentada durante a audiência foi a extinção do cartão de crédito consignado, que é uma porta aberta para os golpistas, segundo a deputada Gisela Simona. Ela defendeu também a necessidade de autorização presencial para alguns serviços, a fim de evitar fraudes.

Além disso, os especialistas destacaram a importância de uma atuação mais ativa dos bancos na prevenção desses golpes. A coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, questionou por que os bancos não utilizam algoritmos para identificar movimentações atípicas nas contas dos clientes e questioná-los previamente. Segundo um relatório do Idec, apenas um dos quatro bancos analisados realiza o bloqueio do acesso remoto de terceiros às contas bancárias, o que demonstra a falta de medidas de segurança adotadas pelas instituições financeiras.

Diante desse cenário, o Banco Central está questionando os bancos sobre a implantação do bloqueio e sugeriu que as pessoas verifiquem o ranking de instituições mais reclamadas feito pelo BC antes de abrir uma conta bancária.

Essa audiência pública foi uma oportunidade para reunir especialistas e debater o tema dos golpes financeiros, visando encontrar soluções e medidas eficientes para proteger os consumidores. A criação de uma lei nacional, a extinção do cartão de crédito consignado e uma atuação mais ativa dos bancos são algumas das propostas levantadas durante o evento. Agora cabe aos parlamentares e autoridades competentes avaliar essas sugestões e tomar as devidas providências para combater essa “epidemia” que tem afetado tantos brasileiros.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo