Unesco coordena implantação da primeira ilha-museu no litoral norte paulista, em parceria com Fundação Florestal e Ministério Público de São Paulo.

A Unesco, braço da ONU para a educação, ciência e cultura, está liderando a implementação da primeira ilha-museu do país. A iniciativa está sendo viabilizada na Ilha das Cabras, em Ilhabela, no litoral norte paulista, em parceria com a Fundação Florestal e o Ministério Público de São Paulo.

O objetivo principal do museu é divulgar a cultura e a história das cidades do litoral norte. A expectativa é que esteja implantado até 2026. O projeto está sendo financiado com R$ 14 milhões provenientes de uma multa paga pelo ex-senador Gilberto Miranda Batista, que foi acusado de ocupar irregularmente a Ilha das Cabras por mais de 30 anos.

Apesar de possuir autorização da Secretaria do Patrimônio da União para usar a ilha, o ex-senador perdeu a concessão devido aos danos ambientais no local. As ações contra Miranda tiveram início em 1991, quando o Ministério Público entrou com uma ação civil pública ambiental exigindo a reparação dos danos e a suspensão de qualquer obra.

No ano passado, a Justiça determinou a demolição das construções realizadas pelo ex-senador para a recuperação ambiental da ilha. No entanto, o Ministério Público e a Fundação Florestal propuseram que os imóveis fossem mantidos e utilizados para a criação da ilha-museu. Um Termo de Compromisso foi assinado entre o ex-senador e os órgãos envolvidos.

O projeto é considerado pioneiro pelo diretor-executivo da Fundação Florestal, Rodrigo Levkovicz. Ele acredita que a ilha se tornará um centro de divulgação da cultura e da história das cidades e comunidades tradicionais do litoral norte. A Ilha das Cabras é um dos principais pontos de mergulho de Ilhabela, e continuará aberta para essa prática, mas com a necessidade de adequações na antiga casa construída pelo ex-senador.

O museu terá um amplo escopo, contando a história dos povos caiçaras, quilombolas e indígenas, além da formação dos quatro municípios do litoral norte. A coordenadora de cultura da Unesco Brasil, Isabel de Paula, destaca que o conceito da ilha-museu engloba não apenas os espaços construtivos e museológicos, mas todo o seu entorno, incluindo a diversidade marinha, o patrimônio natural, a pesca artesanal e a cultura caiçara.

Embora esteja localizado fisicamente em Ilhabela, o museu terá uma abrangência regional. Os trabalhos foram iniciados no ano passado, e a fase atual envolve negociações com as prefeituras da região e representantes das comunidades tradicionais. Dos R$ 14 milhões arrecadados com a multa, R$ 600 mil foram destinados à Fundação Florestal e o restante será utilizado pela Unesco no desenvolvimento do projeto.

Com a criação da ilha-museu, a Ilha das Cabras, após 30 anos de uso indevido e irregular, volta a ser um patrimônio público. A expectativa é que esse projeto promova a preservação da cultura e história da região, além de incentivar o turismo cultural e a conscientização ambiental.

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