Representantes do varejo e indústria pedem revisão de portaria que isenta imposto de importação no e-commerce, temendo demissões e fechamento de empresas

Na última quinta-feira (05), representantes do setor varejista e da indústria se reuniram na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados para discutir a portaria que isenta do Imposto de Importação (II) as compras até 50 dólares feitas em sites estrangeiros, conhecido como e-commerce. A Portaria 612, do Ministério da Fazenda, está em vigor desde junho e tem gerado preocupação entre os representantes desses setores.

O principal argumento dos representantes do varejo e da indústria é que essa isenção causa desequilíbrio na competição com as plataformas digitais e pode levar a demissões e ao fechamento de empresas. Eles defendem a necessidade de um tratamento tributário isonômico entre as compras nacionais e internacionais.

O deputado Zé Neto (PT-BA) convocou o debate e afirmou que a isenção para as pequenas compras internacionais pode prejudicar a economia brasileira de forma significativa. Ele ressaltou que é a favor do e-commerce, mas alertou para os possíveis impactos negativos caso a portaria não seja revisada.

Durante o debate, Anderson Cardoso, representante da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), pediu um tratamento equilibrado entre empresas estrangeiras e nacionais, que possuem uma carga tributária maior. Seguindo a mesma linha, Patrícia Pedrosa, gerente de comércio exterior e assuntos regulatórios da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), destacou que a portaria distorce a competição no país, resultando em perdas significativas para a indústria nacional.

Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), defendeu a isonomia tributária e argumentou que os produtos estrangeiros deveriam pagar uma alíquota de 74,2% de imposto de importação, segundo cálculo realizado por uma consultoria a pedido do IDV. Ele alertou ainda que a isenção tributária para as pequenas compras internacionais pode levar as empresas brasileiras a transferirem sua produção para países com carga tributária menor, como Uruguai e Paraguai.

O debate resultou na decisão de discutir a revisão da portaria com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pelas frentes parlamentares do empreendedorismo e de defesa do comércio e serviços. Os representantes do setor varejista e da indústria esperam que seja estabelecida uma competição justa, com igualdade de condições para empresas nacionais e estrangeiras.

Caso não haja uma revisão na portaria, os impactos negativos no setor varejista e na indústria nacional podem ser expressivos, gerando demissões em massa e possivelmente até o fechamento de empresas. A decisão final sobre o assunto ficará a cargo do Ministério da Fazenda.

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