Especialistas e ativistas defendem previsão de recursos para educação inclusiva no Orçamento de 2024 em debate na Câmara

Especialistas e ativistas dos direitos das pessoas com deficiência se reuniram durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (2) para debater a necessidade de recursos destinados à educação inclusiva no Orçamento de 2024. Durante o encontro, eles destacaram que é fundamental retomar a política pública de inclusão que foi iniciada pelo Ministério da Educação em 2008, mas perdeu força nos últimos anos.

Um levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) revelou que o número de crianças com deficiência matriculadas na educação infantil regular teve um aumento significativo entre os anos de 2006 e 2022. Diante desse cenário, a secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, reconheceu as fragilidades do sistema de ensino atual, como a falta de professores capacitados para atender alunos com necessidades específicas.

Feminella ressaltou a importância de estabelecer salas de recursos nas escolas e garantir que os profissionais estejam preparados para oferecer um atendimento educacional especializado. No entanto, ela ressaltou que a regulamentação dessa questão esbarra nas diferenças entre os municípios.

A secretária também defendeu a cultura política emancipatória como uma ferramenta para combater o “capacitismo”, que é quando a capacidade de uma pessoa é subestimada por causa de sua deficiência. Para ela, a segregação afasta as pessoas com deficiência do espaço público, aumentando a exposição à violência e à violação de direitos.

Luciana Viegas, representante da Coalizão Brasileira pela Educação Inclusiva, afirmou que o atual modelo de educação pública está falido e precisa ser repensado. Além da falta de professores de apoio nas salas de aula, ela destacou a falta de acesso a benefícios como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), saúde e seguridade. Viegas ressaltou a necessidade de buscar fontes de financiamento para garantir uma educação emancipatória.

Décio Nascimento Guimarães, representante do Ministério da Educação e também pessoa com deficiência, concordou que é preciso reformar o sistema educacional para abranger as diferentes realidades dos estudantes. Ele destacou a importância de garantir a participação e o protagonismo dos alunos que vivem em áreas mais remotas, como regiões rurais, áreas ribeirinhas e comunidades indígenas.

Diante desses debates, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) informou que vai solicitar uma reunião com a Comissão Mista de Orçamento (CMO) para discutir a previsão de recursos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. Braga ressaltou a importância do ativismo pelos direitos das pessoas com deficiência e agradeceu o apoio dos participantes do debate.

Em um cenário em que a inclusão ainda é uma luta constante, é essencial que a sociedade e o poder público se empenhem em garantir a igualdade de oportunidades e o acesso pleno à educação para todas as pessoas com deficiência. A educação inclusiva é um direito fundamental e deve ser priorizada na agenda política do país.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Ana Chalub

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