Sobrevivente de atentado lança livro sobre trajetória política interrompida de Marielle Franco, cinco anos após seu assassinato

Mais de cinco anos após o assassinato brutal da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, o caso ainda permanece sem solução. A única sobrevivente do atentado, a jornalista Fernanda Chaves, lançou um livro documental que retrata a trajetória política interrompida da parlamentar carioca.

Fernanda Chaves, que foi assessora de Marielle Franco, estava presente no carro que foi alvejado por disparos de fuzil no centro do Rio de Janeiro. Em parceria com a socióloga Priscilla Brito, que também trabalhou com a ex-vereadora, elas lançam a obra intitulada “Marielle Franco, Nesse lugar da política: um mandato interrompido”. O pré-lançamento aconteceu em Brasília, na última sexta-feira (29).

O livro abrange desde a campanha eleitoral de 2016, quando Marielle foi eleita vereadora, até a fatídica noite de 14 de março de 2018, quando ela e Anderson foram mortos em uma emboscada logo após participarem de um evento sobre ativismo e empreendedorismo destinado a jovens negras, na Casa das Pretas, na Lapa.

Para Fernanda Chaves, relembrar o momento do crime é como reviver um filme de terror, uma cena brutal que ainda não encontrou justiça. Apesar da dor que carrega, a jornalista sente a necessidade de continuar falando sobre o ocorrido, pois, segundo ela, todos nós perdemos naquele dia. Marielle era uma amiga, uma líder, uma defensora das mulheres e dos direitos humanos. Seu assassinato deixou um vazio na política brasileira.

O livro também retrata a trajetória de Marielle como vereadora, desde sua origem na Comunidade da Maré até sua atuação na defesa dos direitos humanos. A obra é resultado de uma extensa pesquisa conduzida pela psicóloga Ana Marcela Terra, que reuniu material biográfico como fotos, textos e discursos. O objetivo é preservar e documentar a importância do mandato de Marielle Franco.

Além disso, o livro busca contextualizar o trabalho realizado por Marielle, mostrando como funcionava seu mandato e destacando sua equipe composta majoritariamente por mulheres. A intenção é apresentar Marielle não apenas como uma figura política, mas também como uma mulher comprometida com seu partido e com diversas pautas sociais.

Por enquanto, a obra será distribuída em uma edição limitada para a militância do PSOL durante o congresso do partido em Brasília, mas a expectativa é que futuramente seja lançada em livrarias e em uma tiragem maior, por meio de parcerias editoriais.

Apesar dos avanços nas investigações, como a prisão de alguns executores do crime, ainda não se conhece a identidade dos mandantes. Fernanda Chaves acredita que o caso está sendo tratado de forma mais adequada, mas ressalta que a vida dos defensores de direitos humanos no Brasil continua em risco. Ela destaca a importância de reconstruir uma agenda de promoção e proteção dos direitos humanos, que foi enfraquecida durante o governo Bolsonaro.

Em resumo, o livro de Fernanda Chaves e Priscilla Brito é um registro importante da trajetória política de Marielle Franco, uma voz que foi abruptamente silenciada, e uma denúncia da falta de justiça que persiste até hoje. A obra serve como um lembrete de que é necessário continuar lutando pelos direitos humanos e exigindo verdade e justiça para casos como o de Marielle e Anderson.

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