Fernanda Chaves, que foi assessora de Marielle Franco, estava presente no carro que foi alvejado por disparos de fuzil no centro do Rio de Janeiro. Em parceria com a socióloga Priscilla Brito, que também trabalhou com a ex-vereadora, elas lançam a obra intitulada “Marielle Franco, Nesse lugar da política: um mandato interrompido”. O pré-lançamento aconteceu em Brasília, na última sexta-feira (29).
O livro abrange desde a campanha eleitoral de 2016, quando Marielle foi eleita vereadora, até a fatídica noite de 14 de março de 2018, quando ela e Anderson foram mortos em uma emboscada logo após participarem de um evento sobre ativismo e empreendedorismo destinado a jovens negras, na Casa das Pretas, na Lapa.
Para Fernanda Chaves, relembrar o momento do crime é como reviver um filme de terror, uma cena brutal que ainda não encontrou justiça. Apesar da dor que carrega, a jornalista sente a necessidade de continuar falando sobre o ocorrido, pois, segundo ela, todos nós perdemos naquele dia. Marielle era uma amiga, uma líder, uma defensora das mulheres e dos direitos humanos. Seu assassinato deixou um vazio na política brasileira.
O livro também retrata a trajetória de Marielle como vereadora, desde sua origem na Comunidade da Maré até sua atuação na defesa dos direitos humanos. A obra é resultado de uma extensa pesquisa conduzida pela psicóloga Ana Marcela Terra, que reuniu material biográfico como fotos, textos e discursos. O objetivo é preservar e documentar a importância do mandato de Marielle Franco.
Além disso, o livro busca contextualizar o trabalho realizado por Marielle, mostrando como funcionava seu mandato e destacando sua equipe composta majoritariamente por mulheres. A intenção é apresentar Marielle não apenas como uma figura política, mas também como uma mulher comprometida com seu partido e com diversas pautas sociais.
Por enquanto, a obra será distribuída em uma edição limitada para a militância do PSOL durante o congresso do partido em Brasília, mas a expectativa é que futuramente seja lançada em livrarias e em uma tiragem maior, por meio de parcerias editoriais.
Apesar dos avanços nas investigações, como a prisão de alguns executores do crime, ainda não se conhece a identidade dos mandantes. Fernanda Chaves acredita que o caso está sendo tratado de forma mais adequada, mas ressalta que a vida dos defensores de direitos humanos no Brasil continua em risco. Ela destaca a importância de reconstruir uma agenda de promoção e proteção dos direitos humanos, que foi enfraquecida durante o governo Bolsonaro.
Em resumo, o livro de Fernanda Chaves e Priscilla Brito é um registro importante da trajetória política de Marielle Franco, uma voz que foi abruptamente silenciada, e uma denúncia da falta de justiça que persiste até hoje. A obra serve como um lembrete de que é necessário continuar lutando pelos direitos humanos e exigindo verdade e justiça para casos como o de Marielle e Anderson.