Cerca de mil crianças e adolescentes cometem suicídio no Brasil a cada ano, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria.

No Brasil, cerca de mil crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos cometem suicídio a cada ano, de acordo com dados levantados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) entre 2012 e 2021. A presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP, Luci Pfeiffer, alerta que esse número provavelmente está subnotificado, já que muitos casos não são registrados. A especialista enfatiza a importância de se falar sobre o assunto e identificar os sinais de alerta precocemente.

A pesquisa realizada pela SBP mostra que a maioria dos casos de suicídio concentra-se entre os adolescentes, com 84,29% das mortes ocorrendo na faixa etária de 15 a 19 anos. Os números também revelam que os homens representam mais que o dobro de casos, sendo responsáveis por 68,32% dos episódios.

A pediatra destaca a existência de fatores de risco, como a violência intrafamiliar, que podem contribuir para o aumento dos índices de suicídio. Segundo ela, muitas vezes os pais, mesmo sem perceber, exercem violência verbal e emocional sobre os filhos, o que pode causar danos significativos à sua saúde mental e sensação de falta de pertencimento. A falta de vínculos reais entre pais e filhos também é apontada como um fator que contribui para o problema.

Além disso, a especialista ressalta o papel das mídias e redes sociais na estimulação da autoagressão e na imposição de padrões de pertencimento. Desde muito cedo, crianças são expostas a exigências e expectativas que podem afetar sua autoestima e bem-estar.

Diante desses dados alarmantes, Luci Pfeiffer enfatiza a importância de prevenção e proteção das crianças e adolescentes. Ela lamenta a falta de leis que protejam os jovens das mídias sociais que podem propagar conteúdos que incentivam o suicídio. A especialista recomenda que os primeiros sinais sejam levados a sério e que a criança seja avaliada por uma equipe interdisciplinar, formada por pediatras, psicólogos e psiquiatras.

Ela ressalta a importância da notificação obrigatória dos casos de tentativa de suicídio e destaca a necessidade de acionar a rede de proteção, que inclui escolas, pais e instituições de assistência social. Independentemente do contexto socioeconômico e cultural da família, é essencial investigar as causas do desejo de morte e buscar auxílio médico.

Por fim, a presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP enfatiza que é fundamental proteger a vida das crianças e adolescentes, considerando-os como o que há de mais valioso. A conscientização e a criação de medidas de prevenção são essenciais para reduzir os números alarmantes de suicídio nessa faixa etária no país.

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