Regulamentação de apostas esportivas visa coibir manipulação e educar atletas, afirmam especialistas

Recentemente, a regulamentação das apostas esportivas tem sido amplamente discutida no Brasil, principalmente devido aos escândalos de manipulação de resultados revelados na Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás. Essa regulamentação, cujo projeto de lei já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e está em análise pelo Senado, tem como um de seus objetivos coibir essas tentativas de manipulação.

Uma das medidas necessárias para combater as fraudes é a educação dos atletas e demais pessoas envolvidas diretamente com o esporte sobre os riscos de envolvimento com as apostas ilegais. Especialistas no assunto defendem que é preciso promover a conscientização e o entendimento dos riscos envolvidos nessa prática, além de estabelecer medidas de fiscalização e punição.

Um dos termos que tem ganhado destaque nesse contexto é o compliance, que significa estar em conformidade com as normas vigentes. Esse termo, muito usado no meio empresarial, tem se tornado cada vez mais importante no futebol. O Coritiba foi pioneiro na aplicação de programas de compliance entre os clubes de futebol na América Latina, em 2016. E recentemente, quatro clubes – Atlético-MG, Athletico-PR, São Paulo e Vasco da Gama – se uniram para fundar o Movimento pela Integridade no Futebol.

O programa de integridade, comumente utilizado nas empresas, estabelece os valores e condutas esperados dos colaboradores. No caso dos clubes de futebol, um dos riscos é o envolvimento em apostas ilegais. O compliance tem o papel de diminuir a probabilidade de que isso aconteça, além de lidar com as consequências caso ocorra. É um papel educacional, que visa conscientizar os envolvidos sobre as consequências financeiras e de imagem tanto para o atleta quanto para o clube.

Os casos de manipulação de resultados no futebol brasileiro têm colocado os clubes em alerta. O Vasco, por exemplo, tem adotado medidas de prevenção e conscientização tanto para os jogadores profissionais quanto para a base. Os atletas são orientados sobre a proibição legal de apostas para menores de 18 anos e incentivados a não apostar em jogos de futebol, inclusive os que não envolvem o próprio clube. Além disso, o clube tem aberto espaço para que os atletas denunciem eventuais propostas de manipulação de resultados.

A Lei Geral do Esporte, sancionada recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considera a transparência administrativa e financeira, assim como a moralidade, como elementos fundamentais dos programas de compliance. A lei também prevê a prevenção e combate às práticas atentatórias à integridade esportiva e ao resultado esportivo. Para aqueles que forem encontrados culpados nesses crimes, a lei estabelece penas de dois a seis anos de reclusão, além de multa.

A regulamentação das apostas esportivas, aprovada na Câmara dos Deputados, prevê que as empresas do setor ficarão com 82% do faturamento bruto, diferente dos 95% estabelecidos anteriormente. Além disso, houve também mudanças nos percentuais destinados à Seguridade Social, Educação, esporte e Turismo. A estimativa do Governo Federal é arrecadar, em 2024, pelo menos R$ 700 milhões com a regulamentação.

Em conclusão, a regulamentação das apostas esportivas busca coibir as tentativas de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Para combater essas fraudes, é necessário adotar medidas de fiscalização e punição, além de promover a conscientização e educação dos envolvidos sobre os riscos dessas práticas. O programa de compliance tem se mostrado uma ferramenta importante nesse contexto, auxiliando na prevenção e controle desses riscos.

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