De acordo com Lula, a crença de que o crescimento econômico seria capaz de reduzir as disparidades se mostrou falsa. Os recursos não chegaram às mãos dos mais vulneráveis. O presidente também criticou a indiferença do mercado diante da discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência. Ele ressaltou que a desigualdade não é um dado natural, mas sim socialmente construída. Combatê-la, portanto, é uma escolha que deve ser feita diariamente.
Lula destacou a crescente desunião entre os países, sendo a desigualdade um dos principais fatores divisores. Segundo ele, há dois séculos, a renda dos mais ricos era 18 vezes maior do que a dos mais pobres. Hoje, em plena quarta revolução industrial, essa diferença chega a 38 vezes. Os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. O presidente utilizou dados da ONU para alertar que cerca de 84 milhões de crianças ainda estarão fora da escola até 2030.
Durante seu discurso, o presidente ressaltou as iniciativas do Brasil no combate à pobreza e insegurança alimentar. Ele mencionou o lançamento do plano “Brasil sem Fome” e enfatizou a importância de garantir oportunidades iguais para todos, bem como formular políticas públicas que combatam o racismo e o sexismo.
Lula também apontou a necessidade de colocar os mais pobres no orçamento público e fazer os mais ricos pagarem impostos proporcionais aos seus patrimônios. Ele destacou ainda a importância de as instituições financeiras internacionais funcionarem em prol do desenvolvimento, em vez de agravar o endividamento.
Outro aspecto citado pelo presidente foi o “fosso digital”, que cria uma desigualdade entre as nações. Lula defendeu o compartilhamento de tecnologias e ressaltou que as assimetrias econômicas e financeiras entre os países são fruto de regras e instituições injustas, além do descumprimento de compromissos.
Para concluir, o presidente afirmou que, durante a presidência do Brasil no G20, será lançada uma Aliança Global contra a Fome. Ele espera contar com o apoio e engajamento de todos para construir um mundo menos desigual e mais fraterno, onde ninguém seja deixado para trás.