Governo alega que acréscimo de verbas no Orçamento se trata somente de “ajustes de equívocos”, conforme declarado oficialmente.

No projeto do Orçamento de 2024, o governo brasileiro prevê novas receitas no valor de R$ 168,5 bilhões. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, a maior parte dessas receitas é resultado de medidas que buscam corrigir erros na área tributária e evitar a evasão fiscal. Durigan ressaltou que o governo foi conservador na estimativa e que quase todas as medidas são fundamentadas nesses ajustes.

Uma das principais medidas adotadas foi a aprovação de um projeto no Congresso (PL 2384/23) que retoma o poder do governo nas decisões do Conselho de Recursos Fiscais (Carf). Antes, os empates nas decisões do Carf beneficiavam o contribuinte sem a possibilidade de a União recorrer à Justiça. Com essa medida, estão previstos R$ 54,7 bilhões em novas receitas.

Além disso, o governo espera arrecadar mais R$ 43,3 bilhões por meio de novas transações tributárias. Segundo o secretário Dario Durigan, muitas empresas possuem um passivo tributário significativo que dificulta suas atividades. A intenção é evitar prolongadas discussões judiciais e alcançar acordos de cobrança administrativa.

Outra fonte de receitas é a regulamentação dos incentivos fiscais estaduais, que podem ser abatidos da base de cálculo dos impostos federais. Com uma decisão do Superior Tribunal de Justiça em maio (MP 1185/23), o governo espera arrecadar R$ 35,3 bilhões por meio dessa medida.

O governo também busca tributar os fundos de investimento fechados, conhecidos como “come-cotas”, acessados por pessoas de alta renda. Com a tributação periódica dos rendimentos desses fundos, espera-se arrecadar mais R$ 13,3 bilhões em 2024.

Outra proposta em andamento no Congresso visa taxar as aplicações de brasileiros no exterior, principalmente em paraísos fiscais. O objetivo é arrecadar R$ 7 bilhões com essa medida.

O governo enviou um projeto ao Congresso para revogar a dedução tributária dos Juros sobre Capital Próprio. A expectativa é arrecadar R$ 10,5 bilhões com essa medida.

Outras medidas que completam a lista de novas receitas são a taxação das apostas esportivas, com R$ 1,6 bilhão, e o novo Regime de Tributação Simplificada para a importação de pequenas encomendas, com R$ 2,8 bilhões.

É importante ressaltar que o governo trabalha com uma folga de aproximadamente R$ 40 bilhões em relação ao “empoçamento” orçamentário e aos efeitos da legislação sobre preços de transferência. O empoçamento ocorre quando despesas previstas na lei orçamentária não são executadas.

De acordo com o secretário de Orçamento, Paulo Bijos, a identificação do empoçamento será possível a partir de maio de 2024 e pode representar até R$ 15 bilhões no período.

No total, as novas receitas estimadas pelo governo somam R$ 168,5 bilhões, sendo que o estoque atual de recursos é de R$ 1 trilhão. O governo acredita que as medidas adotadas são necessárias para garantir a sustentabilidade das contas públicas e estimular o desenvolvimento econômico do país.

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