Lula nega confronto entre Brics e G-7, contradizendo ex-ministro Celso Amorim, em entrevista surpreendente.

Na última terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Celso Amorim, seu assessor de política externa, emitiram opiniões divergentes sobre o papel do Brics, grupo formado por Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, em relação ao G-7, grupo dos países mais ricos do mundo. Amorim sugeriu que o Brics é uma alternativa ao G-7, enquanto Lula afirmou que o bloco não deveria servir como contraponto a ninguém.

Amorim, que está participando da cúpula do Brics em Johannesburgo, na África do Sul, defendeu a expansão do bloco e destacou que o interesse de outros países em se tornarem parceiros ou membros plenos mostra que há uma nova força no mundo, que não pode mais ser ditada pelo G-7. Ele ressaltou que o Brics não é um grupo antagônico, mas sim uma alternativa aos fóruns internacionais existentes.

Por outro lado, Lula adotou uma postura mais cautelosa e afirmou que o objetivo do Brics não é ser um contraponto ao G-7. Segundo ele, o bloco busca criar algo inédito, uma organização que não existiu antes. Ele ressaltou a importância de dar voz ao Sul Global, que sempre foi tratado como a parte pobre do planeta, e destacou que o Brics não pretende tirar nada de ninguém.

Celso Amorim possui grande influência sobre Lula em questões de política externa. Ele foi ministro das Relações Exteriores por um longo período, ultrapassando o recorde de tempo ocupado pelo cargo. Amorim é conhecido por atuar como um chanceler informal durante o terceiro mandato de Lula, realizando diferentes missões diplomáticas em nome do Brasil.

Na cúpula de Johannesburgo, a expansão do Brics e o uso de moedas alternativas ao dólar no comércio exterior estarão em pauta. A China tem sido um forte defensor da expansão do bloco, enquanto o Brasil demonstra preocupação em se indispor com parceiros tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia.

Enquanto Amorim enfatiza a importância do Brics como uma força alternativa e a necessidade de inclusão de outros países, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Indonésia, Argentina, Irã e Egito, Lula destaca a força econômica do bloco em relação ao G-7. Ele critica o que considera protecionismo disfarçado de americanos e europeus e ressalta a necessidade de combater o neocolonialismo.

As opiniões divergentes entre Lula e Amorim refletem diferentes perspectivas dentro do governo brasileiro em relação ao Brics. Enquanto Amorim busca fortalecer o papel do bloco como uma alternativa global, Lula adota uma postura mais cautelosa, buscando garantir melhores condições para o Brasil sem antagonizar com outros países e blocos tradicionais. A cúpula do Brics deve ser marcada por discussões importantes sobre o futuro do bloco e sua relação com outros fóruns internacionais.

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