Moradores e comerciantes usam protesto como arma para enfrentar a situação da cracolândia.

Moradores e comerciantes das regiões de Santa Ifigênia e Campos Elíseos, localizadas no centro de São Paulo, estão se mobilizando para protestar contra a cracolândia. Os protestos têm o objetivo de impedir que os usuários de drogas se aproximem de suas portas e também de chamar a atenção das autoridades para a constante violência que presenciam na região.

Esses grupos de moradores têm utilizado aplicativos de mensagens para convocar os protestos, que são frequentados por pessoas de diferentes idades, incluindo idosos, gestantes e até mesmo crianças, independentemente do tempo chuvoso ou ensolarado.

As mensagens trocadas nesses grupos também têm ajudado aqueles que retornam do trabalho ou da escola a evitar surpresas durante as dispersões dos usuários de drogas, que geralmente envolvem bombas e balas de borracha utilizadas pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) ou pela Polícia Militar. Essas dispersões costumam gerar tensão e resultar em saques, furtos e vandalismo.

Recentemente, por exemplo, os moradores de um conjunto residencial na Avenida Duque de Caxias se mobilizaram rapidamente após receberem mensagens em uma rede social sobre a possibilidade de transferência dos dependentes químicos da Rua dos Gusmões para a Alameda Dino Bueno. Cerca de cem vizinhos se uniram para bloquear o cruzamento entre as Avenidas Rio Branco e Duque de Caxias, principal ponto do bairro, mesmo debaixo de uma forte chuva.

Segundo relatos dos moradores, eles tomaram conhecimento da possível transferência através de uma notícia veiculada na televisão e resolveram agir rapidamente para evitar que isso ocorresse. A Alameda Dino Bueno foi durante muito tempo um dos endereços mais conhecidos da cracolândia.

Na última sexta-feira, cerca de cem pessoas estavam consumindo drogas na Dino Bueno, próximo à Praça Júlio Prestes. Foi nesse local que um porteiro foi assassinado durante um assalto. Esse episódio ocorreu em um dia marcado por tensão na região, com conflitos entre lojistas e dependentes químicos durante a tarde.

Um dia antes desse ocorrido, moradores de um condomínio na Rua Mauá bloquearam o local por alguns minutos em protesto contra a presença dos usuários de drogas na Rua dos Protestantes. Essa ação também foi organizada por meio de mensagens entre os moradores.

Os comerciantes da Rua Santa Ifigênia também têm se mobilizado através de aplicativos de mensagens para manifestações, evitando assim possíveis riscos de que a cracolândia se aproxime e afaste ainda mais os clientes.

Esses protestos têm como objetivo chamar a atenção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para a necessidade de soluções urgentes para a escalada da violência na região. Os manifestantes alegam que não suportam mais a inércia do poder público e exigem ação imediata.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que está monitorando a movimentação dos usuários de drogas visando garantir a segurança dos moradores e comerciantes da região. Já a gestão Tarcísio de Freitas informou que ampliou o diálogo com os moradores e lojistas.

A Prefeitura de São Paulo informou que a GCM está apoiando as ações realizadas pelas outras secretarias para prevenir e mediar possíveis conflitos durante a execução dos serviços municipais, garantindo a proteção tanto dos agentes públicos quanto da população em geral.

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