Repórter São Paulo – SP – Brasil

De acordo com a relatora da CPMI, o depoimento do hacker foi classificado como bombástico e promete revelações surpreendentes.

17/08/2023 – 13:36   

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Eliziane Gama quer quebrar o sigilo de quem participou de reuniões relatadas por Delgatti

A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), classificou o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto nesta quinta-feira (17) como “bombástico”, com informações “absolutamente” sérias. Eliziane Gama adiantou que pedirá a quebra do sigilo telemático de pessoas que participaram das reuniões relatadas por Delgatti.

O deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos parlamentares que solicitou a oitiva do hacker, considerou o depoimento “gravíssimo” ao mostrar que o então presidente da República pediu ao hacker para invadir as urnas e fazer propaganda eleitoral fake, para promover convulsão social. Walter Delgatti acrescentou que, no depoimento na Polícia Federal, teve acesso à oitiva do motorista e outras pessoas, que confirmaram o encontro no posto e tudo que ele disse na CMPI. O deputado Duarte Jr. (PSB-MA), também autor do pedido para o depoimento, afirmou que vai solicitar a convocação do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira para esclarecer os fatos e as acusações. Duarte defende ainda uma acareação entre as partes.

“Depois do depoimento não precisamos de mais nada para deixar claro quem é o mandante do golpe neste País”, opinou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “O presidente da República quer contratar um hacker para simular uma fraude na urna eletrônica e envolve, pasmem, o Ministério da Defesa, e o comandante do Exército”, completou. “Isso era uma quadrilha que estava no Palácio do Planalto, com a assessoria da deputada Carla Zambelli (PL-SP)”, acrescentou.

O deputado Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) disse que hoje era um dia histórico para CPMI por apontar o envolvimento claro do ex-presidente Bolsonaro nos fatos investigados pela comissão. Respondendo a Vieira, Delgatti confirmou que Carla Zambelli atuava como mediadora entre ele e Bolsonaro; que quem pediu para ele fraudar a urna eletrônica foi Zambelli, por ordem de Bolsonaro; que quem pediu para ele assumir o grampo contra Alexandre de Moraes foi o ex-presidente da República; e que quem pediu para fazer propaganda eleitoral para sugerir ao povo uma suposta fraude no sistema eleitoral foram o marqueteiro Duda Lima e Bolsonaro.

Em resposta ao deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), o depoente disse temer pela própria vida. Delgatti falou que ainda não recebeu ameaça de morte, mas seu advogado sim. O parlamentar adiantou ainda que vai pedir imagens das câmeras da reunião do hacker com o ex-presidente para mostrar todos os envolvidos.

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que pedirá ao Ministério da Justiça proteção à vida de Delgatti Neto.

Credibilidade da testemunha

O senador Sérgio Moro (União-PA), por sua vez, chamou a atenção para a ficha criminal extensa do depoente, envolvido especialmente em ações por estelionato, e disse que a palavra de um criminoso não pode ser ouvida como verdade absoluta.

Segundo o parlamentar, são ao todo Delgatti responde a 46 processos. O hacker se defendeu dizendo que foi vítima de perseguição judicial em Araraquara (SP), “comparável à perseguição feita por Moro em relação ao ex-presidente Lula”.

“Eu li as conversas de Vossa Excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes”, afirmou o hacker, sendo, em seguida, advertido pelo presidente da reunião.

Moro também lembrou que Delgatti invadiu dispositivos de 176 pessoas, incluindo várias autoridades. O hacker admitiu as invasões. “Inclusive cheguei às conversas do senhor com o então procurador Deltan Dallagnol e essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes”, rebateu Delgatti.

O presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), perguntou a opinião do hacker sobre como poderia ser garantida a segurança das eleições. Walter Delgatti respondeu que, na visão dele, seria imprimindo o voto.

Já o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) quis saber se o hacker conseguiu invadir urnas eletrônicas. “Não consegui, porque o código fonte das urnas fica numa sala cofre sem acesso à internet”, respondeu. O parlamentar questionou então se o sistema eleitoral seria confiável e o depoente respondeu que sim.

Diversos parlamentares da oposição pediram o adiamento da inscrição para questionar o depoente. A reunião foi suspensa para o almoço e deve ser retomada em seguida.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein

The reunião [meeting] involving hacker Walter Delgatti Neto at the Comissão Parlamentar Mista de Inquérito on the 8th of January, took place on Thursday (17th) and was deemed “explosive” by the rapporteur of the investigation, senator Eliziane Gama (PSD-MA). Gama described the information provided during the hearing as “absolutely” serious and directly related to the questioning of the electoral process, the attempt to expose its vulnerability, and the involvement of individuals with a history of infiltration to legitimize a narrative incompatible with electoral security.
Gama further announced her intention to request the opening of the electronic secrecy of individuals who attended the meetings mentioned by Delgatti.
Deputy Rogério Correia (PT-MG), one of the parliamentarians who requested the hacker’s testimony, considered the statement “extremely serious” as it reportedly showed that the former president of the Republic had requested Delgatti to hack into voting machines and spread fake election propaganda to promote social upheaval. Delgatti added that, during his testimony

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