Segundo Maria, em 1964, ela e seus filhos foram retirados às pressas da Granja do Torto e levados para Porto Alegre, deixando para trás a maioria de seus pertences, incluindo joias e roupas de marca. Além disso, o rebanho de gado de suas fazendas foi roubado, assim como outros ativos pessoais.
Após sair do Brasil, a família de João Goulart buscou exílio no Uruguai, onde viveram até 1973, quando um golpe de Estado também foi instaurado. Em seguida, foram para a Argentina, onde tiveram que lidar com as atividades da Operação Condor e, posteriormente, com mais um golpe de Estado.
Maria também mencionou que as tensões aumentaram quando descobriram um plano para sequestrar seus filhos, o que os levou a enviá-los para Londres, onde seu neto nasceu. Ela destacou o período de “dificuldades, incertezas e saudades”, que se agravou com o falecimento de Jango.
Por sua vez, a União se defendeu ressaltando que a viúva não sofreu prisões, torturas ou agressões pelo Estado Brasileiro e que ela mesma admitiu em entrevistas que a vida no exterior era confortável até que regimes ditatoriais se instalaram nos países em que viveram. A Advocacia-Geral da União informou que “foi intimada da referida sentença e no momento avalia as medidas cabíveis.”
Diante disso, a ação movida por Maria, viúva de João Goulart, traz à tona questões delicadas sobre o período da ditadura militar no Brasil e as consequências vividas por aqueles que tiveram que buscar exílio em decorrência da instabilidade política no país. Ainda há muito a ser discutido e esclarecido sobre esse conturbado período da história brasileira.