Teranóstico: a revolucionária técnica que une diagnóstico e tratamento do câncer utilizando radiofármacos

No Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, que ocorrerá no final de setembro em Pernambuco, será discutido um conceito inovador chamado “teranóstico”. Esse conceito combina as palavras terapia e diagnóstico e utiliza as mesmas moléculas usadas em exames de diagnóstico de tumores, como a cintilografia e o PET-CT, para o tratamento da doença.

A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que utiliza radiofármacos, que são moléculas combinadas com elementos radioativos, para fins de diagnóstico e tratamento de doenças. Essas moléculas são injetadas no paciente e têm a capacidade de revelar tanto a forma quanto o funcionamento de órgãos como o coração, cérebro, tireoide, rins, fígado e pulmões. Isso possibilita a identificação de diversas condições, desde embolia pulmonar até doenças renais, câncer e a doença de Alzheimer.

Além do diagnóstico, os radiofármacos também são utilizados no tratamento de condições como o hipertireoidismo e o câncer de tireoide. No caso do “teranóstico”, a mesma molécula é ligada a dois tipos de elementos radioativos, um para o diagnóstico e outro para o tratamento da doença.

A vantagem do “teranóstico” é que ele permite que os médicos triem os pacientes e saibam se eles vão responder ao tratamento a partir do exame de imagem. Recentemente, essa técnica tem mostrado resultados promissores em pacientes com câncer de próstata que não responderam a outros tratamentos. O processo começa com o diagnóstico, que utiliza uma molécula conhecida como PSMA, presente em maior quantidade na membrana das células tumorais. Essa molécula é ligada a um material radioativo e captada pelo tumor, revelando suas características e localização. Em seguida, a mesma molécula é associada a outro elemento radioativo que tem o poder de destruir as células cancerosas.

Essa abordagem tem a vantagem de levar a radiação ao local exato do tumor, mesmo quando está espalhado pelo corpo, buscando evitar ao máximo atingir células saudáveis. Isso causa menos efeitos colaterais e melhora a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes. É um tratamento sistêmico, bem direcionado, capaz de levar o remédio certo ao local exato do tumor, proporcionando bons resultados em casos que não respondiam bem ao tratamento oncológico padrão.

Espera-se que com a descoberta de novas moléculas, seja possível desenvolver terapias cada vez mais personalizadas para diferentes tipos de tumores. É importante ressaltar que os exames e tratamentos com radiofármacos são procedimentos seguros, com raros eventos adversos. No entanto, é necessário ampliar o acesso a esses exames e tratamentos, além de priorizar os investimentos para garantir a produção dos insumos necessários.

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