O plano inicial era que as Forças Armadas liderassem a retirada dos invasores, em colaboração com a Polícia Federal, o Ibama e a Funai. Um quartel-general improvisado foi criado na superintendência da PF em Boa Vista. No entanto, mais de duas semanas após a visita de Lula, nada acontecia. Os agentes envolvidos perceberam que uma iniciativa dos militares levaria mais um mês. Foi então que o Ibama, com o suporte da Funai e da Força Nacional de Segurança Pública, decidiu iniciar as primeiras ações de combate ao garimpo ilegal por conta própria.
A falta de coordenação ficou evidente tanto na retirada dos garimpeiros quanto nas ações de emergência em saúde pública. As ações começaram sem uma liderança efetiva e houve confusão na tomada de decisões. Um comitê de emergência foi criado para centralizar as decisões, bloquear o acesso ao território e limitar a transparência. Até março, o número de mortes na terra indígena foi omitido.
Além disso, a Funai não tinha um presidente nomeado no início das ações de emergência, o que dificultou ainda mais a coordenação. Houve também discordância nessas ações entre os ministros de Lula. Enquanto a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendia a saída dos garimpeiros sem a ação da força de segurança, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, preocupava-se em não prejudicar inocentes.
O Ibama tinha um plano operacional pronto para iniciar a ação sem a presença dos militares. O combustível necessário foi transportado por balsa até a região da terra indígena. No entanto, as Forças Armadas optaram muitas vezes por não agir, alegando falta de tempo de voo, combustível e disponibilidade de aeronaves. Essa falta de apoio logístico acabou prejudicando as ações de desintrusão.
Embora a operação tenha resultado na prisão de garimpeiros e na destruição de equipamentos, o garimpo ilegal ainda persiste na região. A resistência e até mesmo o retorno das estruturas de garimpo são observados, além do aumento de doenças associadas a essa atividade. Os números de mortes, malária e diarreia na terra yanomami continuam alarmantes.
Para ter sucesso na operação na terra yanomami, é necessário ter uma ocupação constante e pontos permanentes de fiscalização. Caso contrário, os garimpeiros retornam prontamente. O desafio agora é garantir uma ação efetiva e contínua para proteger os indígenas e preservar o meio ambiente nessa região tão importante para a biodiversidade e a cultura brasileira.