STF forma maioria para ampliar foro especial de autoridades, com voto de Barroso, em julgamento polêmico e com repercussões políticas

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria na madrugada desta sexta-feira (12) para ampliar o alcance do foro especial de autoridades, com o voto do ministro Luís Roberto Barroso. Barroso, que é presidente da corte, havia pedido vista e paralisado o julgamento no final de outubro, mas agora acompanhou o relator do processo, Gilmar Mendes.

A decisão é favorável ao entendimento de que, em casos de crimes cometidos no cargo e em razão dele, o foro especial seja mantido mesmo após a saída da função. Além de Gilmar e Barroso, outros cinco ministros já haviam votado a favor dessa mudança, incluindo Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Flávio Dino e Alexandre de Moraes.

A tese proposta por Gilmar sugere que a prerrogativa de foro para julgamento de crimes praticados no cargo e em razão das funções subsista mesmo após o afastamento do cargo, desde que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados durante o exercício. Barroso destacou em seu voto que a mudança visa acabar com as oscilações de competência, que prejudicam o encerramento das investigações e afetam a eficácia do sistema penal.

O julgamento, que ocorreu de forma virtual, estava previsto para ser concluído no próximo dia 19, mas foi interrompido novamente por um pedido de vista de André Mendonça. A decisão dá mais poder ao STF sobre os parlamentares e aumenta a pressão em relação ao Legislativo, que tem proposto medidas que contrariam os magistrados.

Essa mudança na jurisprudência do foro especial é a primeira desde 2018, e visa trazer mais estabilidade e segurança jurídica ao sistema de justiça criminal. A discussão ganhou relevância especialmente após o ocorrido nos atos golpistas em janeiro e a prisão do deputado Chiquinho Brazão, suspeito de envolvimento na morte de Marielle Franco. Esses eventos, juntamente com o caso do senador Zequinha Marinho, foram fundamentais para a retomada da análise sobre o foro especial.

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