A linhagem que levaria ao Homo sapiens se separou dos chimpanzés, nossos parentes vivos mais próximos, cerca de 7 milhões de anos atrás. E nossa espécie é muito mais recente, com uma idade que alcança, no máximo, algo em torno de 300 mil anos. Durante praticamente todo esse tempo, fomos apenas mais uma espécie de mamífero de grande porte.
Foi somente há cerca de 10 mil anos que começou o processo de crescimento populacional e aumento da complexidade tecnológica que nos transformou na força geológica que somos hoje. Uma das razões para esse sucesso é a domesticação de plantas e animais.
O estudo de Haipeng Li utilizou o DNA das pessoas vivas atualmente para estimar a diversidade genética dos ancestrais da humanidade ao longo de nossa trajetória evolutiva. Os resultados sugerem uma drástica redução da população africana do gênero Homo há cerca de 900 mil anos.
Durante dezenas de milhares de anos, os ancestrais humanos teriam ocupado uma posição extremamente vulnerável, assim como espécies ameaçadas atualmente, como a baleia-azul ou o mico-leão-dourado. Isso também pode explicar a relativa falta de fósseis de hominínios nesse período.
Essa descoberta evidencia a contingência da nossa escalada rumo ao domínio planetário e nos lembra que a presença dominante dos seres humanos é recente e frágil do ponto de vista das escalas de tempo geológicas e cósmicas.
Portanto, é importante enxergar nossa posição atual com menos arrogância e entender que, assim como outras espécies, também estamos sujeitos aos vaivéns da evolução. A história da humanidade é marcada por uma série de eventos e circunstâncias que possibilitaram nossa existência e sucesso até o momento.
