As descobertas incluem interpretações de importantes obras, como “Petrushka” de Igor Stravinski, concebida em 1985 no Concertgebouw, de Amsterdã, na Holanda, e o “Concerto para Dois Pianos e Orquestra” de Francis Poulenc, em parceria com a pianista argentina Martha Argerich. Além disso, foi revelado um vídeo de Freire se entusiasmando com a música de vanguarda ao fazer uma primeira leitura de “Mobile” de Clodomiro Caspary.
Segundo Alexandre Dias, diretor do instituto, a pesquisa demonstra que o repertório de Nelson Freire era muito maior do que se sabia pelas gravações disponíveis em sua discografia. Dias iniciou a investigação quando o músico ainda estava vivo, e Freire autorizou o pesquisador a vasculhar o seu acervo. Isso permitiu desvendar momentos íntimos do pianista, como quando tocou para sua professora mais querida, Nise Obino, e quando, aos 15 anos, estudou em Viena, tendo uma relação turbulenta com seu professor.
Além disso, a pesquisa do instituto se expandiu para um segundo acervo, pertencente ao técnico de som Frank Justo Acker, o que levou a mais descobertas e permitiu identificar um perfil camerístico na música de Freire, nunca antes atestado pela crítica. O Instituto Piano Brasileiro, criado em 2015, visa resgatar e divulgar a obra de pianistas brasileiros, digitalizando acervos e os incluindo na internet.
Para Dias, o próximo passo é publicar uma gravação do “Concerto para piano nº4” de Rachmaninoff. Com essa iniciativa, o Instituto Piano Brasileiro visa enriquecer o legado de Nelson Freire e ampliar o conhecimento sobre a sua expressiva contribuição para a música clássica. Essas gravações inéditas proporcionam uma visão mais ampla e íntima do talento e da genialidade desse incrível pianista.