Ex-militar colombiano admite envolvimento no assassinato de Jovenel Moïse em tribunal dos EUA, em meio à crise no Haiti.

Um ex-militar colombiano de 45 anos, chamado Palacios, confessou sua participação no assassinato do ex-presidente haitiano Jovenel Moïse em julho de 2021. O crime chocou o país e gerou uma onda de instabilidade política e social, aprofundando ainda mais a crise sem precedentes que o Haiti enfrenta.

O ex-senador haitiano John Joel Joseph, por sua vez, foi condenado à prisão perpétua por conspiração contra o então mandatário. Estes eventos revelam a gravidade da situação no país caribenho, que enfrenta desafios políticos, sociais e de segurança que vão além do assassínio de Moïse.

De acordo com o doutor em relações internacionais e representante da Organização dos Estados Americano (OEA) no Haiti entre 2009 e 2011, Ricardo Seitenfus, o Haiti é uma nação marcada por uma mistura de “símbolo de luta” e “rejeição”. Ele destaca a história de luta pela independência do país, que se libertou do jugo colonial, da escravidão e do racismo em 1804, mas acabou sendo rejeitado por diversos atores internacionais.

Essa rejeição, segundo Seitenfus, tem impactos não apenas políticos e ideológicos, mas também no âmbito cultural, universitário e filosófico. Ele se refere ao Haiti como “um buraco negro da consciência ocidental”, inserido em “200 anos de solidão”.

O Haiti enfrenta desafios complexos, decorrentes de sua história de divisão imposta por potências estrangeiras, como os Estados Unidos. Apesar dos interesses norte-americanos na região, o país tem enfrentado dificuldades estruturais, como altos índices de insegurança alimentar, desemprego e analfabetismo, agravados pela presença de gangues em um cenário de instabilidade política.

A presença de missões internacionais da ONU no país, como a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah), também teve impactos controversos. Embora a missão tenha contribuído para lidar com gangues em um primeiro momento, a situação mudou drásticamente após o terremoto de 2010, que deixou milhares de mortos e desabrigados.

Além disso, a presença de soldados da Minustah contribuiu para a reintrodução da cólera no país, revelando a complexidade das intervenções internacionais no Haiti. A retirada da missão em 2017 deixou o país em uma situação delicada, com uma crise política em andamento.

Diante desse cenário, é evidente que o Haiti enfrenta desafios significativos, que vão muito além do assassinato do ex-presidente Moïse. A história de luta e rejeição que marcam a nação caribenha continuam a influenciar a trajetória do país, exigindo reflexão e ações efetivas para enfrentar suas dificuldades.

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