Escândalo de corrupção no futebol mundial corre risco de desmoronar após decisões judiciais nos EUA.

Após quase uma década desde o escândalo de corrupção que abalou o futebol mundial, o caso conhecido como Fifagate está sob risco de desmoronar devido a questionamentos sobre a aplicação da lei dos Estados Unidos a réus estrangeiros. A reviravolta ocorre devido a debates sobre o exagero dos promotores americanos na aplicação da lei a um grupo de pessoas que defraudaram organizações internacionais por meio de esquemas de suborno em todo o mundo.

A Suprema Corte dos Estados Unidos limitou no ano passado uma lei fundamental para o caso, o que levou a anulação das condenações de dois réus ligados à corrupção no futebol, tornando o caso todo um risco para a acusação. Vários ex-dirigentes, incluindo alguns que pagaram multas e cumpriram pena de prisão, estão argumentando que os esquemas de suborno pelos quais foram condenados não são mais considerados crime nos Estados Unidos.

Esperançosos com os casos de setembro, esses ex-dirigentes estão pedindo que seus registros judiciais sejam apagados e que seu dinheiro seja devolvido. Aqueles dois réus se beneficiaram de decisões da Suprema Corte que rejeitaram a aplicação da lei a casos relacionados ao futebol.

A controvérsia judicial levanta questões sobre o longo alcance da justiça americana em casos de corrupção no futebol, detalhado em uma acusação de 236 páginas e comprovado por 31 declarações de culpa e quatro condenações em julgamento. Há um debate em curso sobre se a lei dos Estados Unidos pode ser aplicada de forma exagerada a pessoas envolvidas em corrupção fora do país, levando a questionamentos sobre os limites da justiça americana.

A investigação da Fifa se tornou um dos maiores casos de corrupção transnacionais da história dos Estados Unidos, forçando uma reformulação na cúpula da entidade e transformando algumas figuras-chave do caso em celebridades. Após anos de esforço na construção do caso e apresentação de acusações em 2015, o Departamento de Justiça agora enfrenta o risco de ter seu trabalho desfeito e suas condenações anuladas.

Adversários proeminentes no caso seguem em frente, com as organizações de futebol implicadas tendo novos líderes. A Fifa, que foi vista como vítima da corrupção em sua própria casa, já recebeu parte dos mais de US$ 200 milhões pagos pelos condenados. Este montante foi destinado a programas de futebol para mulheres, jovens e pessoas com deficiência, e estima-se que US$ 50 milhões já foram alocados para projetos.

Enquanto os promotores dos EUA se preparam para defender seu trabalho em um tribunal de apelações federais, a aplicação da lei dos EUA em casos de corrupção internacional está em questão. O resultado dos novos recursos, a serem discutidos perante o 2º Tribunal de Apelações dos EUA, em Nova York, pode ter implicações não apenas para os réus condenados, mas também para aqueles que foram acusados, mas permaneceram em liberdade fora do alcance das autoridades americanas.

Assim, o caso Fifagate coloca em xeque a aplicação da justiça americana em casos de corrupção internacional e pode ter repercussões de longo alcance no mundo do esporte global e além. A decisão do tribunal de apelações será aguardada com grande expectativa, já que pode mudar de forma significativa a narrativa de um dos maiores escândalos do futebol mundial.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo