Intitulado com o mesmo nome do livro, o documentário será exibido na Quinzena dos Realizadores, uma mostra paralela ao prestigiado Festival de Cannes. Eryk Rocha, um cineasta reconhecido por suas produções inovadoras, descreve a participação na mostra como uma oportunidade de levar a poesia do povo yanomami para além das fronteiras brasileiras. Ele destaca a importância de apresentar o filme em um espaço que valorize a diversidade e a originalidade do cinema independente.
“A Queda do Céu” foca na cerimônia funerária reahu dos yanomami, um ritual carregado de simbolismo e significado para a cultura desse povo. A equipe de filmagem passou um mês na comunidade de watoriki, na Amazônia, registrando o ocorrido de forma sensível e autêntica.
O filme busca estabelecer um diálogo com a obra de Kopenawa e Albert, refletindo sobre questões contemporâneas, como a ameaça do garimpo ilegal e a violência imposta aos yanomami. A terceira parte do livro, que inverte a perspectiva antropológica tradicional, é a espinha dorsal do documentário, levando os espectadores a uma reflexão mais profunda sobre a sociedade e a cultura.
Gabriela Carneiro da Cunha, que estreia como diretora neste projeto, destaca a importância da obra de Kopenawa em desafiar os paradigmas do mundo não indígena, oferecendo uma visão crítica e reveladora sobre nossa própria realidade. A presença do xamã no lançamento do filme em Cannes promete enriquecer ainda mais a experiência para o público presente.
Em um mundo marcado por desigualdades e conflitos, “A Queda do Céu” surge como uma obra de arte engajada, capaz de despertar consciências e provocar reflexões profundas sobre a relação entre os povos tradicionais e a sociedade moderna. É um convite para uma jornada de autoconhecimento e aceitação das diversas formas de ver o mundo, como proposto pelo próprio Davi Kopenawa em suas palavras transformadoras.