Carta de oficiais pedindo postura radical de militares para manter Bolsonaro no poder tem autores identificados pela Polícia Federal.

A Polícia Federal identificou dois militares que teriam colaborado na redação de uma carta de oficiais da ativa que pressionava o comandante do Exército em 2022, general Marco Antônio Freire Gomes, a adotar uma postura radical diante de pedidos por golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) na presidência. A identificação foi feita a partir da análise de metadados do documento, que foi recebido pelo tenente-coronel Mauro Cid na véspera da publicação do texto.

Segundo a Polícia Federal, o autor da carta foi identificado como o coronel Giovani Pasini, e o último a modificar o documento foi o coronel Alexandre Castilho Bitencourt da Silva. O relatório da PF que baseou pedidos de prisão e buscas em fevereiro deste ano contra ex-ministros e militares suspeitos de tramarem um golpe de Estado aponta essas informações. Procurado pela Folha, Pasini se recusou a comentar sobre a autoria do manifesto.

Pasini, oficial de artilharia formado na Academia Militar das Agulhas Negras em 1997, se dedicou ao ensino da língua portuguesa e gradualmente deixou a artilharia para se tornar professor de colégios militares e autor de livros. Em 2022, ele pediu licença do Exército para se candidatar a deputado estadual do Rio Grande do Sul pelo partido Patriota, mas não foi eleito. De volta à Força, ele pediu para ir à reserva em fevereiro de 2023, após a divulgação da carta.

Alexandre Bitencourt, oficial de infantaria formado em 1997, morou no Chile para fazer pós-graduação em condução de políticas estratégicas de defesa. De volta ao Brasil, foi realocado para função no Departamento-Geral de Pessoal. O Exército se recusou a comentar sobre o assunto pois o inquérito está em “segredo de Justiça”.

A divulgação da carta foi uma iniciativa de militares após oficiais da reserva publicarem uma carta aberta aos comandantes das Forças Armadas, expressando preocupação com o resultado das eleições e pedindo apoio para o “imediato restabelecimento da lei e da ordem”. A carta de oficiais superiores da ativa foi escrita quando bolsonaristas permaneciam acampados em frente a quartéis do Exército, pedindo intervenção das Forças Armadas contra a eleição de Lula. A Polícia Federal também apontou que Bolsonaro e aliados discutiam planos para um golpe de Estado naquela época, incitando o comando do Exército a assumir postura golpista. Considerando os desdobramentos e as implicações legais, a situação ainda segue preocupante para a estabilidade política do país.

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