Carlos Bolsonaro, no lugar de alimentar o ódio, surpreende ao lançar livro que apresenta uma narrativa doce sobre as redes sociais de seu pai.

Carlos Bolsonaro, vereador do Republicados-RJ e figura central no chamado “gabinete do ódio”, que disseminou ataques e notícias falsas durante a presidência de seu pai, Jair Bolsonaro, acredita que sua família alcançou tanto sucesso porque compreende a importância de pensar de forma positiva. Essa palavra, juntamente com seus derivados como “positividade”, aparecem 23 vezes em seu livro digital intitulado “Redes Sociais e Jair Bolsonaro – O Começo de Tudo”.

Nessa obra de 52 páginas, disponível por R$ 54,90, Carlos Bolsonaro não menciona nomes ou fatos específicos. Pelo contrário, ele utiliza generalidades para enaltecer a influência virtual de sua família e como eles mudaram a perspectiva dos brasileiros sobre “temas atuais”. Os tópicos exatos são dedutíveis, já que Carlos não os nomeia.

O vereador foi responsável pela bem-sucedida campanha online que ajudou seu pai a vencer as eleições presidenciais de 2018. Na época, Jair Bolsonaro era um deputado pouco conhecido, sem alianças partidárias importantes e com apenas oito segundos de propaganda eleitoral na TV e no rádio. A habilidade de Jair Bolsonaro nas redes sociais é atribuída ao filho, que tinha acesso às suas senhas e controlava seus perfis.

Carlos relata que tudo começou com o blog “Família Bolsonaro”, idealizado em 2009 quando ele tinha 26 anos. Segundo o vereador, o blog permaneceu ativo ao longo dos anos e, em agosto de 2018, foram publicados links que serviam como contraponto à imprensa, que, segundo Carlos, enfatizava notícias negativas e perpetuava uma visão distorcida da realidade.

As postagens mais antigas do blog mostram a defesa de causas que sustentam o bolsonarismo. Por exemplo, em 2015, foi celebrada a absolvição de Carlos em um processo movido por movimentos LGBTs. Em 2013, Carlos chamou a atriz Luana Piovani de “atriz e usuária de drogas” após um desentendimento entre eles.

O objetivo do blog era combater os “vícios tendenciosos” da “narrativa da grande mídia”, e essa estratégia se espalhou para plataformas como Twitter e Facebook.

No entanto, o livro de Carlos não revela detalhes sobre os bastidores da operação digital que levou a família Bolsonaro ao sucesso político. Também há poucas menções aos membros da família, incluindo uma referência religiosa no final do livro.

Carlos, apelidado de “Pitbull do pai”, lançou o livro menos de cinco meses após anunciar que não comandaria mais as redes sociais de seu pai. Ele reclamou do tratamento recebido e afirmou que estava “sozinho anos”. No entanto, ele não mencionou nomes na ocasião.

Dessa forma, o livro de Carlos Bolsonaro é uma tentativa de elogiar a influência virtual de sua família sem fornecer detalhes específicos sobre suas atividades online. Ele enfatiza a importância do pensamento positivo e acredita que a atuação virtual da família contribuiu para mudar a perspectiva dos brasileiros sobre diversos assuntos.

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