Nesse período, Kamel testemunhou e participou de eventos de grande importância para o país, como a posse do primeiro presidente de origem popular, os protestos de 2013, o impeachment da primeira mulher presidente, a Operação Lava Jato, a prisão de ex-presidentes, a ascensão da extrema direita ao poder, uma pandemia devastadora e até mesmo uma tentativa de golpe contra o regime democrático estabelecido.
A repórter Ana Clara Costa dedicou quatro meses de pesquisa para traçar a trajetória de Kamel, destacando não apenas suas contribuições para o jornalismo, mas também as transformações que ocorreram no setor como um todo. Durante sua gestão, Kamel viu a Globo passar por mudanças significativas em seu modelo de negócios, impactando diretamente na produção de notícias.
A entrada das Big Techs no mercado de comunicação, juntamente com a queda na audiência e nas verbas publicitárias, afetou não apenas a Globo, mas toda a imprensa brasileira. O jornalismo passou a enfrentar desafios de sustentabilidade e rentabilidade, com programas como o Jornal Nacional perdendo metade de sua audiência na última década.
Diante desses desafios, a missão de Kamel de manter a credibilidade do noticiário se tornou ainda mais complexa, especialmente considerando a pressão política e econômica sobre a emissora. A família Marinho, principal acionista da Globo, tem negócios diversificados, o que pode influenciar a linha editorial do canal.
Em meio à crise enfrentada pela imprensa e pela Globo, o legado deixado por Ali Kamel é digno de reflexão sobre os desafios atuais e futuros do jornalismo brasileiro.