Acusados pela morte de cinegrafista serão julgados em júri popular no Rio de Janeiro quase dez anos após o crime.

O julgamento de dois acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade durante uma manifestação em 2014 finalmente acontecerá nesta terça-feira (12) no Rio de Janeiro, praticamente dez anos após o crime. Fabio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza serão julgados pelo júri popular acusados de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e emprego de explosivo. Além disso, também respondem pelo crime autônomo de explosão.

O caso estava parado havia quase três anos, aguardando a busca pela íntegra das imagens gravadas por Santiago, além da demora do Instituto de Criminalística Carlos Éboli em enviar parecer sobre o material da investigação.

A defesa dos acusados tentou adiar a sessão do júri, porém, a data do julgamento foi marcada para junho. Santiago morreu ao ser atingido por um rojão na cabeça durante a cobertura de uma manifestação na Central do Brasil em fevereiro de 2014. A série de protestos se estendeu no Rio de Janeiro de junho de 2013 até julho de 2014, mês da final da Copa do Mundo.

A pronúncia do caso chegou a ser revertida pela defesa na segunda instância, alegando que o crime não era doloso, porém, o júri foi confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal.

A 3ª Vara Criminal chegou a marcar a sessão para julho de 2019, mas o julgamento foi suspenso a pedido da defesa de Caio, alegando que a TV Bandeirantes não havia enviado à Justiça a íntegra das imagens gravadas pela vítima durante sua cobertura. A emissora enviou um CD, mas a defesa afirmou que havia apenas 15 segundos no vídeo. Em julho de 2019, a TV informou à Justiça que esse era o único arquivo ainda disponível gravado por Santiago naquele dia.

O juiz Alexandre Abrahão Teixeira esclareceu que o material pretendido pela defesa de Caio não existia. Desde maio de 2020, o processo não avançou para o julgamento. A Promotoria e a defesa de Caio apresentaram quesitos a serem respondidos pelo ICCE sobre as imagens enviadas.

Em dezembro de 2020, o Ministério Público informou ao juiz que a polícia técnica ainda não havia enviado laudos dos computadores e celulares apreendidos com os dois acusados em 2014. O ICCE enviou um laudo descrevendo apenas as características físicas dos equipamentos, sem nenhuma informação sobre seu conteúdo.

Após três anos, a Justiça fez três determinações para o envio dos laudos, sem resposta da polícia. O documento foi entregue apenas em novembro.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo