Abertura de inquérito investiga desmatamento ilegal na Fazenda Annalu, colocando em questão práticas ambientais e sociais da propriedade.

O desmatamento e outras irregularidades na reserva legal da Fazenda Annalu levaram à abertura de um inquérito criminal. Tudo começou em junho de 2019, quando o Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução do Ministério Público do Mato Grosso do Sul (Daex/MPMS) realizou uma vistoria técnica na propriedade. Foi então que, por meio das imagens de satélite, foi identificado um possível desmatamento ocorrido em 2015, um ano antes da família Rocha ter comprado o imóvel.

A área passível de averbação de Reserva Legal (RL) correspondia a apenas 7,45% da área total da propriedade, abaixo do mínimo exigido por lei, que é de 20%. Dois anos depois, a família Rocha declarou o Cadastro Ambiental Rural (CAR) do imóvel com 335,33 hectares de RL. Entretanto, essa zona era composta originalmente por matas de brejo, um tipo de vegetação de grande importância ecossistêmica que evita a erosão do Rio Dourados, que margeia a propriedade a oeste. Além do desmatamento, também foi identificada a presença de gado bovino dentro da RL, o que é proibido pelo Código Florestal.

A situação se agravou quando foi descoberto que a propriedade tinha uma área de lazer dedicada à pesca recreativa em uma Área de Preservação Permanente. As benfeitorias ocupavam uma área de 0,1202 hectares dentro da APP, o que estava em total desacordo com o Código Florestal.

As irregularidades não pararam por aí. Embalagens de agrotóxicos eram armazenadas em condições impróprias e a pulverização dos agrotóxicos desrespeitou a distância mínima em relação às áreas de preservação e habitações do imóvel, além do descarte irregular dos produtos químicos.

Apesar de todas essas infrações, a família Rocha é mais conhecida por ter sido presa em 2006 por sonegação fiscal de R$ 79 milhões. Depois de 12 anos de processo, Aurélio foi condenado. Posteriormente, a empresa Campina Verde passou a se chamar Valor Commodities e os acusados deixaram de ser sócios para a entrada de Lelinho e de seu primo. Mesmo com todas as irregularidades, não houve retorno aos questionamentos enviados aos representantes do grupo Valor Commodities, ao Imasul e à Rede Globo. A história completa pode ser vista em um vídeo publicado no YouTube, juntamente com outros documentários sobre questões agrárias.

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