Os resultados do estudo, publicado na revista Environmental Health Perspective, mostram que o benefício de viver próximo à natureza foi mais evidente em bairros pobres e densamente povoados, assim como entre indivíduos que possuem o gene apoe (apolipoproteína E), associado a um maior risco de desenvolver Alzheimer. Segundo a pesquisadora Marcia Pescador Jimenez, principal autora do estudo, esses resultados são especialmente importantes para os subgrupos vulneráveis da população, como portadores do gene apoe.
A pesquisa utilizou dados do Nurses’ Health Study, que acompanhou mais de 16.000 enfermeiras com 70 anos ou mais, examinando a relação entre a exposição à vegetação e a função cognitiva. Os resultados mostraram que uma maior exposição à natureza durante a meia-idade estava associada a níveis mais altos de função cognitiva e a um declínio cognitivo mais lento na velhice.
Um dos aspectos mais interessantes do estudo foi a constatação de que portadoras do gene apoe que estavam mais expostas à natureza tiveram um declínio cognitivo três vezes mais lento em comparação àquelas sem o gene. Isso aponta para a importância da preservação e criação de espaços verdes, especialmente em áreas de baixa renda, como uma estratégia para promover a saúde cognitiva na terceira idade.
O estudo também ressaltou a importância de identificar populações suscetíveis ao desenvolvimento de Alzheimer e outras demências, para implementar medidas protetoras precoces que possam retardar ou evitar o comprometimento cognitivo. Além disso, a pesquisa explorou a conexão entre a exposição à natureza, saúde mental e cognição, destacando a importância de priorizar o acesso a áreas verdes para promover não apenas a saúde física, mas também a saúde mental e cognitiva.
Em suma, os resultados deste estudo trazem novas perspectivas sobre os benefícios da natureza para a saúde cognitiva na terceira idade, indicando que a proximidade com áreas verdes durante a meia-idade pode ter um impacto significativo no retardamento do declínio cognitivo na velhice. Este é um importante passo na busca por estratégias eficazes para promover a saúde cognitiva e prevenir doenças neurodegenerativas em populações vulneráveis.