De acordo com os dados alarmantes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, fica claro que a violência contra as mulheres rurais é uma realidade que não pode ser ignorada. A análise dos registros policiais sobre criminalidade revela que em 2022, 1,9% dos casos de feminicídio e 3,3% das demais mortes violentas de mulheres ocorreram nas áreas rurais. Além disso, a violência ainda esteve presente em 3,2% dos estupros registrados no ano passado em todo o Brasil.
A Comissão Pastoral da Terra também confirmou, em seu relatório “Conflitos no Campo Brasil 2022”, a triste realidade da exposição feminina à violência. Segundo o relatório, “as lideranças mulheres tendem a sofrer com situações de intimidação em maior proporção do que os homens”.
Diante dessa preocupante situação, a 7ª Marcha das Margaridas, realizada em Brasília nos dias 15 e 16 de agosto, tem como um de seus principais temas a violência contra as mulheres. Sob o lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”, a marcha reúne mulheres de diferentes regiões do país para lutar pelos direitos das mulheres.
Uma das lideranças presentes na marcha, Maria Ivete Bastos, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (PA), afirmou conhecer de perto a violência contra as mulheres rurais. Ela revelou que sofreu ameaças devido à sua atuação sindical e precisou de escolta policial durante 10 anos para garantir sua segurança. Segundo Maria Ivete, “sofremos todo tipo de violação de nossos direitos. É por isso que estamos aqui, marchando pela luta e pelos nossos direitos”.
Durante a marcha, representantes do Ministério das Mulheres se encontraram com as participantes para discutir os desafios do combate à violência contra as mulheres do campo, da floresta e das águas. O governo federal apresentou as ações do Programa Mulher Viver sem Violência, que inclui desde o patrulhamento garantidor da Lei Maria da Penha até o acolhimento em casas de apoio.
Além disso, o governo pretende ampliar a oferta de ferramentas para proteger as mulheres em situação de risco e combater a violência de gênero, como a interiorização das Casas da Mulher Brasileira e a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180). A criação de um pacto nacional de enfrentamento à violência contra a mulher e prevenção ao feminicídio também está entre as medidas anunciadas.
Outras políticas públicas voltadas para as mulheres também foram destacadas durante o encontro. A Política Nacional de Cuidados, em elaboração, busca abordar a alta carga de trabalho doméstico e de cuidados não remunerados exercida pelas mulheres. O governo também está desenvolvendo programas para garantir o acesso ao crédito e a assessoria profissional técnica para as mulheres rurais, além de garantir a igualdade salarial entre homens e mulheres, em territórios rurais.
A luta contra a violência e a busca por direitos e igualdade continuam sendo fundamentais para garantir a segurança e a dignidade das mulheres, independente de sua localização geográfica. A 7ª Marcha das Margaridas é um exemplo de mobilização e resistência, impulsionando ações e políticas que visam combater a violência e promover uma sociedade mais igualitária.






