A USP não é a única unidade acadêmica a adotar a prática de endowments. Algumas unidades da universidade já possuíam fundos patrimoniais antes da criação do fundo geral da instituição. Em 2012, a Escola Politécnica lançou a iniciativa Amigos da Poli; em 2014, foi criado o Fundo Patrimonial da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA); e em 2016 surgiu o fundo da Faculdade de Medicina.
Atualmente, o Fundo Patrimonial da USP conta com R$ 59 milhões, provenientes de nove doações. Além de imóveis, é possível realizar doações em dinheiro, veículos, joias, obras de arte e outros itens de valor cultural e histórico. Tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem contribuir para o fundo, direcionando suas doações para ações gerais ou para propósitos específicos, como programas de acolhimento estudantil e atividades acadêmicas complementares.
O professor Stelio Marras, responsável pela maior doação até o momento, decidiu destinar os rendimentos de sua contribuição para o programa USP Diversa, que oferece bolsas de permanência para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Essa iniciativa tem como objetivo garantir que esses alunos possam concluir seus cursos universitários.
A implementação de fundos patrimoniais no Brasil ainda está em fase inicial, mas já demonstra um potencial significativo de crescimento. Segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), existem cerca de 107 fundos ativos no país, a maioria pertencente a universidades. No total, esses fundos somam pelo menos R$ 157 bilhões. Em nível global, o valor administrado por fundos patrimoniais chega a US$ 1,5 trilhão, de acordo com um estudo da Fundação Dom Cabral.
Nos Estados Unidos, os endowments desempenham um papel crucial no financiamento das maiores universidades do país, como Harvard, Princeton, Stanford e Yale. Porém, é importante ressaltar que os fundos patrimoniais não substituem o orçamento estatal, mas sim complementam as fontes de financiamento das instituições de ensino superior. Com a criação e fortalecimento de endowments, a USP e outras universidades brasileiras podem garantir uma maior estabilidade financeira e investir em iniciativas que promovam a excelência acadêmica e o avanço da pesquisa científica.
