As ações em questão afirmam que Bolsonaro utilizou a estrutura da Presidência da República para promover sua candidatura à reeleição. Uma das ações se refere a uma transmissão ao vivo feita pelo então presidente em setembro de 2022, dentro da biblioteca do Palácio da Alvorada, na qual ele apresentou suas propostas eleitorais e pediu votos para candidatos apoiados por ele. O segundo processo trata de outra transmissão realizada em agosto do mesmo ano, na qual Bolsonaro pediu votos para sua própria candidatura e para aliados políticos. Já a terceira ação questiona uma reunião do ex-presidente com governadores e cantores sertanejos, na qual ele anunciou apoio político para o segundo turno das eleições.
Durante o julgamento, o advogado de defesa, Tarcísio Vieira de Carvalho, levantou questionamentos sobre a legalidade do julgamento conjunto das três ações, alegando que isso prejudica a defesa. Em relação às transmissões realizadas nas lives, o advogado afirmou que elas não utilizaram a estrutura estatal, sendo feitas por meio das redes privadas de Bolsonaro. Ele também ressaltou que não houve ganhos eleitorais significativos com essas transmissões.
Por sua vez, o Ministério Público Eleitoral defendeu o arquivamento das ações, afirmando que as transmissões não causaram impacto suficientemente negativo na legitimidade do pleito. Segundo o vice-procurador eleitoral, Paulo Gonet Branco, é necessário que a gravidade do ato seja caracterizada em termos de impacto substancialmente negativo sobre a legitimidade das eleições.
Caso seja condenado, Bolsonaro poderá ficar inelegível por oito anos pela segunda vez. Essa inelegibilidade também poderá ser estendida ao general Braga Netto, que foi vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Em junho deste ano, o ex-presidente já havia sido condenado pela corte eleitoral à inelegibilidade por oito anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, em decorrência de uma reunião realizada no Palácio da Alvorada em julho de 2021, na qual ele atacou o sistema eletrônico de votação. Braga Netto, no entanto, foi absolvido nesse julgamento por não ter participado do encontro. A decisão final sobre as ações contra Bolsonaro será conhecida após a retomada da votação na próxima semana.