Trama amorosa revela golpe e emociona público

Recentemente, tem sido comum ver declarações emocionantes sobre o amor pelos filhos. Essa tendência de expressar afeto intenso em relação às crianças nem sempre existiu, pois em tempos passados elogiar os filhos em público era considerado vulgar e de mau gosto.

No entanto, nos dias atuais, esse tipo de autoelogio também tem se tornando bastante comum. Muitas pessoas, como a cantora Sia, buscam afirmar sua força e confiança, esperando que essas declarações positivas possam contradizer suas baixas expectativas em relação a si mesmas, seja por causa do gênero, raça ou classe social. É uma forma de cobrir as lacunas que existem em outras áreas.

Para uma criança, o amor é essencial e inegociável, pois é através dele que ela sobrevive e se desenvolve emocionalmente. Como um girassol, a criança precisa encontrar qualquer fonte de luz para se apoiar, senão ela pode se perder e definhar.

A série “Dirty John: O Golpe do Amor” retrata casos reais de relacionamentos abusivos, baseados em artigos de Christopher Goffard para o Los Angeles Times. Na série, são exploradas várias situações em que a palavra amor está associada ao pior. Destacam-se duas figuras intrigantes.

Uma delas é a de um pai que obriga seu filho a comer pedaços de vidro e, em seguida, chantageia o restaurante. Essa figura é retratada na ficção como carismática, mas na realidade também pode ser confusa para a criança. A cada mutilação exigida pelo pai, há declarações de orgulho e afeto. A filha, por perceber que nunca vai alcançar a aprovação do pai, consegue se libertar desse “golpe do amor paterno”, que busca a destruição moral e física dos filhos em troca de um “eu te amo” cheio de afeto.

Outra figura digna de nota é a mãe cuja filha é assassinada pelo marido. Quando a jovem percebe o ciúme doentio do marido e pede o divórcio, a consequência é o feminicídio e a tentativa de suicídio. A mãe da vítima surpreende ao afirmar em seu depoimento que o genro matou a filha porque a amava demais e estava desesperado com a possibilidade de separação. Essa atitude, carregada de piedade cristã e superioridade arrogante em relação aos outros, reflete-se na outra filha da mesma mulher, que se envolve com o sociopata conhecido como “Dirty John”.

A pergunta que as mulheres do filme parecem se fazer é: o que é o amor afinal? E para responder a essa pergunta, elas colocam até mesmo suas vidas em risco. Por outro lado, o sociopata não se questiona sobre o amor, pois aprendeu que ele é algo a ser extraído do outro sem consentimento. Assim, ele escolhe ser o abusador, evitando a posição de abusado.

Ao ouvir o relato emocionante da ministra Marina Silva no podcast de Mano Brown, fica claro que ali está um exemplo de relação parental que realmente merece o nome de amor. Naquela família, a mãe aceitou o pedido da filha de cinco anos de morar com a avó, mesmo contra sua própria vontade. O pai também não tem medo de ser guiado por uma mulher. Ali não há golpes, apenas amor verdadeiro e incondicional.

É importante refletir sobre essas histórias para compreender melhor o significado e a importância do amor na relação entre pais e filhos. O amor não deve ser usado como desculpa para abusos, mas sim como um sentimento de proteção, respeito e cuidado mútuo.

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