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Tortura e condenações anuladas no caso Evandro: terapeuta Beatriz Abagge busca responsabilização dos torturadores após decisão judicial.

Após 31 anos de incansável luta, a terapeuta ocupacional Beatriz Abagge, uma das quatro pessoas acusadas pela morte do menino Evandro Ramos Caetano em 1992, viu a justiça anular sua condenação na última quinta-feira (9). A decisão, tomada pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, foi baseada em fitas de áudios que vieram à tona em 2021, revelando que os acusados foram torturados por policiais para fazerem uma falsa confissão.

Agora, Beatriz e sua família buscam responsabilizar os torturadores. Ela afirma que tem os nomes de ao menos 14 policiais que participaram de sua prisão e acredita que a responsabilidade de cada um deve ser apurada. A terapeuta declara que a tortura é um crime imprescritível e que caberia ao Ministério Público agir, mas ressalta que não pretende esperar e que deseja provocar a justiça a agir.

Após a anulação das condenações, o Ministério Público se pronunciou afirmando que irá manejar os recursos apropriados ao caso após tomar ciência oficial da íntegra dos autos e do conteúdo da decisão. Os acusados, que já haviam relatado a tortura no passado, agora podem receber alguma indenização.

A decisão da justiça levou em consideração a ausência de provas e reconheceu a tortura, absolvendo os acusados. A mãe de Beatriz, Celina Abagge, que também foi alvo do Ministério Público, presente no julgamento, ressaltou a importância de acompanhar pessoalmente o desfecho dessa batalha judicial.

A defesa dos condenados celebrou a decisão da justiça, afirmando que os três desembargadores “fizeram história ao deixar claro que a tortura não será aceita como método de investigação”. O advogado responsável pelo caso ressaltou o brilhante trabalho do jornalista Ivan Mizanzuk, que revelou as fitas escondidas pelo Grupo Águia da Polícia Militar. As fitas, consideradas provas cabais, indicam que as confissões ocorreram sob tortura.

O caso de Evandro Ramos Caetano agora toma um novo rumo com a anulação das condenações e a busca por responsabilizar os torturadores. Beatriz Abagge, após mais de 30 anos de luta, vê na decisão da justiça o desfecho de uma etapa, porém ainda não sabe como lidar com a empatia que agora a cerca. A decisão é um marco histórico que serve de lição para o presente e para o futuro, destacando a importância de se reconhecer a tortura como um crime inaceitável.

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