Repórter São Paulo – SP – Brasil

Terras de quilombo em Lauro de Freitas são invadidas por construções, desafiando luta pela titulação e modo de vida quilombola

As áreas remanescentes de mata atlântica ao redor do quilombo Quingoma, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, estão sendo ameaçadas pela expansão urbana e pela construção de um condomínio residencial. Com cerca de 5.000 habitantes, a comunidade quilombola luta há anos pela titulação de seu território, processo que se encontra paralisado, deixando os moradores em constante preocupação.

Líderes da comunidade, como Rejane Rodrigues, denunciam a falta de políticas públicas e a violência enfrentada diariamente. A certificação pela Fundação Palmares em 2013 foi apenas o primeiro passo, mas a titulação efetiva ainda não foi concretizada, deixando os quilombolas em uma situação vulnerável diante da especulação imobiliária na região.

O território ancestral do Quingoma remonta a 1569, com raízes culturais profundas ligadas à tradição bantu e à religiosidade afro-brasileira. Recentemente, o quilombo recebeu a certificação de território iorubá, concedida pelo rei de Ifé, na Nigéria, como forma de reconhecimento da sua importância histórica.

No entanto, a urbanização acelerada da região tem trazido desafios para a titulação do território, com novas construções avançando sobre áreas que ainda não estão contempladas nos processos de regularização. O Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública para proteger os quilombolas e impedir a comercialização de lotes em um novo loteamento residencial.

Além disso, problemas como a devastação ambiental, o desvio de água de nascentes e a falta de infraestrutura básica, como saúde e transporte público, também atingem a comunidade. Líderes quilombolas têm sido alvo de ameaças, demonstrando a gravidade da situação e a necessidade de proteção dessas populações.

A luta dos quilombolas do Quingoma não é apenas pela titulação do território, mas também pela preservação de sua cultura e modo de vida, que estão em constante ameaça diante do avanço do desenvolvimento urbano desordenado e da falta de políticas efetivas de proteção dos direitos dessas comunidades tradicionais. A sua sobrevivência depende do reconhecimento e respeito às suas raízes históricas e culturais.

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