No entanto, as fotos também suscitam dúvidas. Enquanto a fé é revelação, a fotografia é prova. Lucas é movido tanto pela fé quanto pelas fotos, mas ambas são frágeis e traiçoeiras.
A ilha em que Lucas se encontra é um lugar que induz à loucura, com um vulcão que emite um fedor horrível. Sua viagem é motivada pela fé, mas também pela busca por respostas e revelações. No entanto, ele parece destinado a nunca encontrá-las.
A imagem do vulcão e da ilha deserta remete ao filme “Stromboli” de Rossellini, onde uma mulher em busca de liberdade acaba isolada em uma ilha árida que também abriga um vulcão. No entanto, é nessa ilha que ela encontra a fé e uma revelação. Em “Terra de Deus”, no entanto, as revelações parecem estar além do alcance de Lucas.
No laboratório de revelação, Lucas revela a imagem de Anna, a filha de seu anfitrião. Essa revelação leva a um momento de intimidade entre os dois, mas também marca o início do fim das ilusões para Lucas.
Além disso, o pai de Anna é incestuoso, o que não é alheio ao destino do jovem pastor nessa ilha implacável.
Lucas se vê como Deus, pois acredita que foi escolhido para a missão de construir a igreja. No entanto, ele percebe que Deus se oculta e revela-se apenas de forma misteriosa.
Essas questões atormentam Lucas durante sua jornada e refletem questões existenciais que perturbam a todos, independentemente de sua fé. O filme é uma derrota da fé e uma vitória do Deus oculto.
“Terra de Deus” é um filme belo e lançamento discreto em São Paulo.