Recentemente, o país foi palco de uma tentativa frustrada de golpe militar em La Paz, que levantou especulações sobre a influência internacional no interesse pelo lítio boliviano. O presidente Luis Arce chegou a sugerir essa possibilidade, deixando o governo em meio a incertezas sobre os reais motivos por trás do levante militar.
A relação entre o lítio e a política boliviana remonta a 2019, quando protestos contra o ex-presidente Evo Morales tinham o mineral como pauta. A região de Potosí, onde estão as maiores reservas, foi cenário de manifestações contrárias ao modelo de exploração adotado na época.
Com o declínio da indústria do gás natural, o lítio surge como uma alternativa econômica crucial para a Bolívia. O governo Arce busca diversificar a economia e promover a industrialização do país, por meio de investimentos e acordos internacionais com Rússia e China para acelerar a produção do mineral.
No entanto, a falta de consenso sobre a exploração do lítio levanta questionamentos sobre a distribuição da riqueza gerada por esse recurso nas regiões produtoras. A disputa política em torno do tema, evidenciada em movimentos de autonomia de municípios próximos ao salar de Uyuni, promete ser central nas eleições de 2025.
Diante desse cenário complexo, a Bolívia enfrenta o desafio de transformar suas vastas reservas de lítio em uma fonte sustentável de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que busca garantir a soberania e o desenvolvimento equitativo de suas regiões produtoras. O futuro do “ouro branco” no país andino ainda reserva muitos desafios e incertezas a serem superados.