Essa situação reforça a percepção comum de que as noites também estão mais quentes. Apesar de janeiro ser um mês quente, no auge do verão, a variação do clima ao longo dos dias costuma incluir temperaturas mais amenas, principalmente durante a noite. No entanto, o alívio noturno está cada vez menor.
Uma análise da Folha com base nos dados históricos do Inmet mostrou que a média das temperaturas mínimas em janeiro em São Paulo aumentou de 18°C para 20°C desde a década de 1960. Embora a temperatura registrada em 2024 não seja um recorde, ela acompanha a tendência geral de aquecimento na cidade, no país e em todo o globo.
Além disso, o Inmet registrou a madrugada mais quente da história de São Paulo para o mês de janeiro, com máxima de 29°C. Isso representa um salto de dois graus em relação ao início da série com dados oficiais.
As altas temperaturas noturnas têm impacto na saúde das pessoas e também nas estruturas urbanas. Especialistas apontam que cidades como São Paulo precisam adotar medidas de adaptação climática, como manter parques abertos até mais tarde ou mesmo durante a noite, para proporcionar um refúgio em situações de calor noturno intenso.
O calor excessivo à noite também está relacionado ao fenômeno El Niño, de acordo com a meteorologista Marília Nascimento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela destaca que, além do El Niño, os eventos extremos, como secas, chuvas fortes e ondas de calor, estão ficando mais frequentes e intensos, evidenciando as mudanças climáticas.
Um estudo realizado pela WWA (World Weather Attribution) mostrou que as ondas de calor no semestre passado no Brasil teriam sido menos intensas sem o aquecimento global causado pela ação humana. Isso reforça a importância de medidas de adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas.