Temperaturas mínimas em São Paulo atingem níveis recorde em janeiro, sinalizando tendência de aquecimento global.

Na cidade de São Paulo, a temperatura mínima registrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) atingiu a marca de 25,9°C no dia 17 de janeiro, mantendo-se acima do esperado para o mês de janeiro. Essa temperatura é considerada a mais alta já registrada no primeiro mês do ano desde que o Inmet começou a coletar dados em 1961, no Mirante de Santana, estação meteorológica de referência na cidade.

Essa situação reforça a percepção comum de que as noites também estão mais quentes. Apesar de janeiro ser um mês quente, no auge do verão, a variação do clima ao longo dos dias costuma incluir temperaturas mais amenas, principalmente durante a noite. No entanto, o alívio noturno está cada vez menor.

Uma análise da Folha com base nos dados históricos do Inmet mostrou que a média das temperaturas mínimas em janeiro em São Paulo aumentou de 18°C para 20°C desde a década de 1960. Embora a temperatura registrada em 2024 não seja um recorde, ela acompanha a tendência geral de aquecimento na cidade, no país e em todo o globo.

Além disso, o Inmet registrou a madrugada mais quente da história de São Paulo para o mês de janeiro, com máxima de 29°C. Isso representa um salto de dois graus em relação ao início da série com dados oficiais.

As altas temperaturas noturnas têm impacto na saúde das pessoas e também nas estruturas urbanas. Especialistas apontam que cidades como São Paulo precisam adotar medidas de adaptação climática, como manter parques abertos até mais tarde ou mesmo durante a noite, para proporcionar um refúgio em situações de calor noturno intenso.

O calor excessivo à noite também está relacionado ao fenômeno El Niño, de acordo com a meteorologista Marília Nascimento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela destaca que, além do El Niño, os eventos extremos, como secas, chuvas fortes e ondas de calor, estão ficando mais frequentes e intensos, evidenciando as mudanças climáticas.

Um estudo realizado pela WWA (World Weather Attribution) mostrou que as ondas de calor no semestre passado no Brasil teriam sido menos intensas sem o aquecimento global causado pela ação humana. Isso reforça a importância de medidas de adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

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