Técnica de enfermagem condenada a 51 anos por tentativa de homicídio em bebês na maternidade da Ulbra em Canoas

A técnica de enfermagem Vanessa Pedroso Cordeiro, de 40 anos, foi condenada nesta sexta-feira (12) a uma pena de 51 anos e 8 meses de prisão em regime inicialmente fechado por nove tentativas de homicídio qualificado. A decisão foi proferida pelo juiz Diogo de Souza Mazzucatto Esteves, da 1ª Vara Criminal de Canoas, e o júri considerou a ré culpada por utilizar substâncias sedativas em 11 bebês na maternidade do hospital da Ulbra, em Canoas (RS), em 2009.

Durante o julgamento, o Ministério Público alegou que Vanessa administrou medicamentos controlados, como morfina e benzodiazepínicos, sem prescrição médica, o que resultou em problemas respiratórios e convulsões nos bebês, levando à internação na UTI neonatal. A ré foi presa em flagrante quando policiais encontraram uma seringa e medicamentos em seu armário, reforçando as acusações.

O promotor Rafael Russomanno Gonçalves destacou que Vanessa agiu assumindo os riscos ao utilizar medicamentos com rótulo e lacre, conhecendo as consequências prejudiciais para as crianças. Por outro lado, o advogado de defesa, Flávio de Lia Pires, defendeu que a ré possui transtornos mentais não tratados e necessita de cuidados médicos, não de prisão. Ele argumentou que faltam elementos probatórios que confirmem a presença das substâncias nos bebês afetados.

Durante seu depoimento, Vanessa mencionou experiências traumáticas vividas na infância e adolescência, como abuso sexual, automutilação e fuga de casa. Ela também alegou ter sido diagnosticada com a síndrome de Münchhausen por procuração em 2017, um transtorno em que um cuidador inventa sintomas de doenças em crianças. O Instituto Psiquiátrico Forense considerou a ré como semi-imputável, com perda parcial da compreensão da ilicitude.

Vanessa defendeu-se alegando desconhecimento sobre seus transtornos mentais e afirmou ter praticado os crimes involuntariamente. O caso recebeu atenção da mídia e gerou debate sobre a saúde mental e responsabilidade criminal. Enquanto aguarda o recurso em liberdade, Vanessa permanece sob avaliação psiquiátrica para determinar o desfecho judicial do caso.

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