Um exemplo gritante dessa disparidade de preços pode ser observado em produtos de higiene pessoal, como lâminas de barbear e depilar. Segundo a advogada e professora Flavia Marimpietri, lâminas de barbear na cor rosa podem ser vendidas a preços mais elevados do que as mesmas versões em cores não associadas ao gênero feminino. Em algumas farmácias de grande porte, a diferença de preço entre aparelhos de depilar e barbear chega a ser significativa, com o pacote feminino contendo uma quantidade menor do produto em relação ao pacote masculino.
Além disso, a taxa rosa também está presente em outros produtos, como desodorantes, roupas básicas, peças íntimas e até mesmo na categoria infantil, afetando inclusive o preço de mamadeiras com cores específicas para meninas e meninos. A presidente da Sociedade de Economia da Família e do Gênero, Lorena Hakak, ressalta que essa disparidade de preços pode ser equiparada a um imposto sobre o consumo, penalizando de forma regressiva as mulheres, que em diversos casos já recebem salários menores que os homens.
A advogada Flavia Marimpietri destaca que, embora a taxa rosa não seja exclusiva do Brasil, a aplicação dessa prática no país pode ser mais severa devido às desigualdades socioeconômicas existentes. Produtos de primeira necessidade para as mulheres, como absorventes, também são afetados pela alta carga tributária, o que só agrava a discriminação de gênero presente nesse cenário.
Diante desse contexto, especialistas afirmam que é necessário conscientizar os consumidores sobre a taxa rosa e estimular mudanças no padrão de consumo, boicotando produtos que pratiquem essa prática abusiva. A busca por igualdade de gênero no mercado de consumo deve ser uma pauta constante, visando alcançar não apenas a equidade de preços, mas também o respeito aos direitos fundamentais das mulheres.