As pessoas que procuram estabelecimentos privados, que incluem clínicas, laboratórios e drogarias, têm enfrentado dificuldades para conseguir o imunizante, que requer a aplicação de duas doses com intervalo de 90 dias.
Na segunda-feira (5), a Takeda esclareceu que, com o atual cenário da inclusão da vacina Qdenga no SUS por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e os registros crescentes de dengue no Brasil, “a empresa está concentrada em atender de forma prioritária ao Ministério da Saúde”.
Com isso, a multinacional não fará novos contratos com estados e municípios, e o fornecimento da vacina no mercado privado brasileiro será limitado para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal.
Segundo a Takeda, a empresa tem garantida a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para 2025, o que representa a capacidade de fornecer imunização para 7,8 milhões de pessoas (duas doses para cada). A empresa acrescenta que busca todas as soluções possíveis para aumentar o número de doses disponíveis no país.
A ABCVAC informou que a procura pela Qdenga tem tido uma escalada, mais notadamente desde outubro de 2023. Desde então, a procura cresceu mais 237%, fechando janeiro de 2024 com 4.923 doses aplicadas. No período acumulado de julho de 2023 a janeiro de 2024, foram administradas 13.290 doses da Qdenga.
A Associação destacou a importância do setor privado complementando o setor público e ressaltou a importância de soluções rápidas para garantir o abastecimento adequado. Fabiana Funk, presidente do conselho da associação, expressou a preocupação diante da possível falta da vacina nas clínicas particulares, especialmente em relação às faixas etárias não cobertas pelo setor público.
Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, a decisão da Takeda foi adequada e não compromete os esforços para a imunização da população. Kfouri considera que o alcance da imunização coletiva ainda é muito reduzido com a oferta de vacinas disponíveis no país.
Além da Qdenga, há no Brasil outra vacina contra a dengue, a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, que só pode ser utilizada por quem já teve dengue. Desde 2009, pesquisadores do Instituto Butantan estudam a produção de uma nova vacina contra a dengue, que se encontra atualmente em fase final de ensaios clínicos.
O Ministério da Saúde determinou que a Qdenga será aplicada em 521 municípios com maiores incidências de dengue e o calendário de aplicação deve ser definido ainda em fevereiro. Entretanto, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem defendido que a vacina não será uma solução imediata para a doença e pede a participação da população para acabar com criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue.